sábado, 30 de dezembro de 2017

FIM DE ANO



FIM DE ANO
 

Fim de ano!... Faço nova retrospectiva
de tudo aquilo que eu queria e não fiz:
pego um lápis... papel... lousa, meu giz
e esboço a tal lista - de forma negativa.

Ah! Eu sei que deveria ser mais positiva,
achar minhas pérolas... até alguns rubis;
lembrar de perigos que venci por um triz
e com minha sina ser mais compreensiva.

Fim de ano! Gostaria de poder esquecer
os desencantos... também o parco prazer
e ver a vida dum modo menos profundo.

Fechar o jornal - com as feridas do mundo-
deixar a dor... todos esses dramas pra fora
e despertar, com amnésia, na nova aurora.

Silvia Regina Costa Lima

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

VALSA DAS PALAVRAS


Pintura por Andre Lucero


VALSA DAS PALAVRAS


Vestida de seda alva, pura e calma...
Dançando no píncaro das palavras,
Ao luar da noite que ilumina a alma...
Ó doce melodia por que lavras?

Tal acorde com sentimento tocando...
O genes da ternura no ar em flor;
Os braços esguios no alto se elevando...
Quanto sentido perfumado d' amor?

E o mundo de desejos mil balança...
O meu espírito néscio alcança,
Entre neblinas que assolam a mente:

Do chão vê brotando mais de mil rosas, 
E esvaídos rostos de mãos preciosas
O Cerne derramando docemente...

Helena M. Martins

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

ESPÍRITO DE NATAL




ESPÍRITO DE NATAL


E numa caixa muito delicada
coloquei, do ar, uma peninha;
pus, do mar, uma conchinha,
da terra, a semente sagrada.

O amor (na forma consagrada)
eu encaixei ali, nessa caixinha,
porque ela mesma já continha,
o fogo da minha poesia amada.

Senti que reproduzia o mundo
no meu presente tão emotivo,
cheio de significado profundo.

E a minha dádiva sentimental
foi pra que permanecesse vivo
todo o lindo Espírito de Natal!

Silvia Regina Costa Lima

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O RENASCER DE JESUS


Imagem Google


O RENASCER DE JESUS


O Natal será para sempre lembrado,
P'la magia da juvenilidade e harmonia,
Enamorado coração que une amado,

Época a mil uma folhas de alegria.
Primavera florescendo ao outono 
Da vida, a criança a nascer, poesia

Que recorda o tempo que traz um ano
Encantado p'lo sonho de novo dia.
P´las alvas açuçenas o libertar,
Um amanhã níveo num acordar
Sereno a fé, a esperança duma luz.

Será estação nova p'la humanidade,
Cantiga de amor, uma eterna saudade,
Que traz ao tempo o renascer de Jesus.

© Ró Mar

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

MINHA ESTRELA GUIA


Imagem - Google



MINHA ESTRELA GUIA


I

Aquece-me a alma, minha estrela guia,
Pra dar alegria e voz ao coração
Duma humanidade a carecer poesia
E num forte abraço de amor paixão.

Que a tua luz traga a todos no mundo
Um novo espírito, luzente, infinito,
De Natal p'la Terra, mui forte, fecundo,
Numa árvore nova, esperança ao aflito!

Para que seja Natal p'lo universo
Desejo tua presença, num sorriso uno,
Em caricia à gente, a quem dou meu verso

A teu coração, num singelo berço.
Ah, Cristo amado vem ao humano,
Minha estrela guia, une mundo diverso!

II

Aquece-me a alma, ilumina momentos
Qu' embrenhem a verde luz, dum caminhar
P'lo alto mar, à nossa pátria de encantos.
Ah, mastro - navio que desejo içar!

Refletindo por centelha familiar:
Quanta letra tem o navio do povo?
Conto ao vento sílabas a par e par,
Que o destino embarque noutro ano novo!

Ah, poesia que navega a profundeza
Numa alma que tem o coração de (a)mar
Uma humanidade p'la sua natureza!

Ah, singeleza ondeando o Horizonte 
Da Poesia, tem certo dom a poetar
A nação, aquece minha alma viajante!

III

Aquece-me a alma, à tua sabedoria
Para dar amor, vida p'lo coração,
Dos que mais precisem duma caricia,
Num gesto amigo, singelo a paixão.

Ah, Jesus Menino, meu berço adorado,
Mártir, salvador, fermenta a nossa vida,
P'lo pão nosso dia a dia mais que fornada,
Para o Natal ser duradouro reinado!

Que a tua luz entre p'lo novo caminhar
E numa labareda de paz e humildade
Para com o próximo que é familiar.

Para que seja Natal p'la humanidade! 
Desejo tua presença, num escrito poesia,
Aquece-me a alma, minha estrela guia.

© Ró Mar

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A QUADRA DE NATAL É ÉPOCA MÁGICA



A QUADRA DE NATAL É ÉPOCA MÁGICA


I

A quadra de Natal é época mágica, 
Onde há luz e cor em toda a humanidade 
As árvores vestem uma imagética 
Que aviva a natureza com luminosidade.

Celebra-se em família, o nascimento, 
Onde há harmonia, amor e felicidade 
Pelo Menino Jesus que nasceu bento 
No mais belo presépio de simplicidade. 

O verde musgo, que inventa a pastagem, 
Onde surge os três réis magos que trazem 
Ao reino mirra, incenso, ouro e alegria. 

À volta do presépio as crianças brincam,
No mais belo cenário, baloiçando o coração
Às baladas da noite tocam sinos de poesia.

II

Às baladas da noite tocam sinos de poesia,
Data que nasceu Cristo, diz na lenda que o Galo 
Foi o primeiro animal a presenteá-lo, 
Gente na Igreja para "Missa do Galo". A magia

Do Pai de Natal, mais velho não desce a chaminé 
Mas quer estar presente em todos os lares, até
Tarde, contemplando o Natal de dia feriado,
Mais que motivo para ter a família ao lado.

Na noite de consoada há peru, rabanadas,
Bolo rei e outros, que deixam as mesas enfeitadas
Para o dia de Natal, quanta fartura!

O Natal é em qualquer lugar até pelas ruas,
Onde reina o frio, há bacalhau sem espinhas
E com todos, broa, tinto e mantas com largura!

III

E com todos, broa, tinto e mantas com largura,
A noite é de alegria que dá esperança ao planeta!
Nasceu o Salvador, pois, que haja nova estrutura
Pró que labuta sol a sol e não vê cheta!

Eis, a hora de contemplar a vida, 
Com toda a animação pela noite fora,
Vivendo o espírito natalício, de mão dada
E de coração aberto como quem namora!

Natal, é união e amor para com o próximo,
Devia ser dividido pelos dias ao máximo
E ser presente ao novo ano com vida e poesia.

Em sintonia, onde há estrelas luzindo a noite
E sol beijando a lua. Triste, menina da noite
Que é tanto quanto as outras e não tem família!

IV

Que é tanto quanto as outras e não tem família,
Teto pouco tem e a comida é o que vem,
De brinquedos nem fala, pensa noutra mobília
Que ilustre o dia! Ainda assim, esperança tem

Que regala o olho e pede ao pé descalço o Pai Natal:
Uns pais bonitos, como os que vê por aí passeando,
E ainda mais, umas gomas, que não caiam mal.
A noite vem e sobe a estrela ao céu e ela olhando

As casas luzidias e de cheirinho,
O azevinho, murmurando: quem têm pais 
Tem tudo! E, adormece o pinheirinho.

É noite de Natal e pela manhã há Natal!
Não há sonhos, mas, há outras coisas mais
Colorindo ruas, alguns agasalhos pró Carnaval!

V

Colorindo ruas, alguns agasalhos pró Carnaval,
O sol já vai alto, há comidas outras
E do bolo rei a fava para dar ar de Natal,
O seu jardim lotado de meninas loiras,

Onde há brincadeira e mui alegria!
É o grandioso dia, onde se juntam meninos
E outros, primos, amigos partilhando sabedoria
Entre si, de um Natal com todos os mimos.

Há solidão estampada pelo jardim,
Que poucos reparam, os que enxergam nada 
Têm para dar, ainda assim, têm o sorriso querubim,

Que sempre estrela os olhos e dá calor
Espalhando o Natal pelo verdadeiro amor,
Coração que é lágrima na hora da despedida.

VI

Coração que é lágrima na hora da despedida
Ao abençoado dia pelo nosso Menino Jesus,
Que ao mundo veio honrar a lei da vida,
Perdoando os pecadores que o levam à cruz.

Eis, uma salvação para a humanidade,
Mensagem natalícia que devia perpetuar
Pelo tempo como lei maior e humilde
Na sua prática para o universo amar.

Somos filhos de Deus, há sempre um irmão,
Abracemos o nosso semelhante,
Não só enquanto Natal, ou hora de oração!

A vida que é passagem, porquê não ser vivida
Por todos e para todos em constante 
Estrela guia premiando natureza abençoada!

VII

Estrela guia premiando natureza abençoada,
A luz lá bem ao cimo do pinheiro,
Porque é Natal em todo o mundo, alvorada
De bolas coloridas espelhadas em dia caseiro.

A quadra natalícia que tem o Dezembro 
Na azáfama de eventos e vislumbre de montras,
Tantas compras e há-de esquecer algum membro
Que vê na árvore o atrapalhado sem fitas!

À ceia não falta o tradicional bacalhau, 
As couves, o peru, as rabanadas, o fruto, 
Da época, mui doçuras e o bolo rei crucial.

À mesa portuguesa pão e vinho de atributo,
Tudo é escolhido a dedo para ser memorável,
Há calor para além do da lareira e mais afável.

VIII

Há calor para além do da lareira e mais afável,
Que aquece o Dezembro e faz dele especial -
O humano - que afirma o laçarote sociável
Num ato carinhoso, solidário, porque é Natal.

Tudo é sentido como Natal, de bom grado,
Vale a pena viver a época com intensidade,
Lembrando sempre que há outro mundo
Que nada tem, porque é felicidade.

O Natal é um tempo, de amor, paz e união
Que se vive de plena harmonia 
Com a consciência e um bom coração.

Há magia, vale a pena estender ao novo ano
O encanto, semeando entrelinhas de poesia,
Que vai chegar a todo o ser humano.

IX

Que vai chegar a todo o ser humano
Porque somos Natal todo ano!
É esse o espírito que devemos criar
Para que o mundo possa sempre amar.

A família reunida, em torno de uma tradição, 
A celebração do nascimento do Salvador,
O centro do universo, que vê amor
Em todos, o que escrevo de alma e coração.

Ah, que meu verso dê todo sentido à secular
Quadra trazendo muita alegria à humanidade 
Hoje e sempre e pela lágrima saudade!

Ah, sonho o mundo, que desejo meu e teu,
Que o Pai de Natal não conseguirá carregar,
Ainda assim, sonho o mundo meu e teu!

X

Ainda assim, sonho o mundo meu e teu,
Tenho esperança, há que reaprender a acreditar
Na longa barba do Pai de Natal, que eu
E tu à chaminé víamos, num enorme dar.

Alegria que havia e há sempre que, se acreditar
Na magia do tempo e no efeito que a gente tem
Quando pensa plural no Natal, viver a dar
Mão pela mão dedilhando o verso do bem.

Neste meu ver celebro o nascimento do Menino,
Presenteando-o com o que há de mais sagrado,
Não lhe dou mirra, incenso ou ouro este ano;

Dou uma porção de amor, a partilhar ao mundo,
Que baste para solidificar laços e firmar a paz,
Todos queremos, eu trago em meu cabaz.

XI

Todos queremos, eu trago em meu cabaz
Para dar a todos de coração: saúde,
Prosperidade, amor, alegria, paz,
Esperança, amizade - felicidade.

Que meu desejo assim se concretize aqui
Para que possamos ainda desfrutar 
A maravilha que é viver! Foi tudo o que pedi,
Pró Natal, pois, desejo muito amar.

Que as crianças cresçam, num mundo são,
Com o direito de serem meninos de ninho,
 A brincar e viver o Natal com sapatinho;

A mão cheia de doçuras e beijinho
Sempre, a vida não é só um dia (vinte cinco), não,
A vida é dias a fio, todos precisam de carinho.

XII

A vida é dias a fio, todos precisam de carinho
Principalmente os que nada resta de uma tragédia; 
A vida às vezes prega as suas partidas, ficar sozinho,
E velho para reerguer o que desfez um dia.

Ah, Cristo alumiai este reino para que haja solução
Para as gentes que andam no mundo sem norte,
Que jamais é Natal, partiu com o coração
De uma vida a trabalho e sem sorte!

Que haja justiça por uma lei que abarque todos
Que todos sejam gente de dever e direito
Para que a balança equilibre os pesos todos.

Que o espírito de Natal entre pelo ano
Novo, e com vontade para ficar ao peito,
Com firmeza para dar um mundo sano.

XIII

Com firmeza para dar um mundo sano
Cantam vozes "Natal" a canção mais linda
Que a história tem e que é mui bem-vinda
No tempo e especialmente este ano,

Ano de seca que pressagia mau tempo.
Cristo traz chuva e nela pouca tempestade,
Para sentir-mos prazer no nosso tempo,
 Água e alimento em boa quantidade.

Os três réis magos, Melchior, Gaspar, Baltasar,
Enviaram mensagem a dizer que vêm a caminho,
À luz da estrela chegarão cedinho

Ao casebre de onde estão José ao lado
De Maria e do berço de palha acolchoado
 Que a vinte cinco vai ter o Menino no lugar.

XIV

 Que a vinte cinco vai ter o Menino no lugar,
Tudo encaminhando pró Natal
Pelo mundo e também em Portugal,
Tudo a compor, pois, Jesus está em todo lugar.

Todos hão-de ter um presente por instinto,
Poema que escrevo em letra serena,
Não porque é Natal, mas, porque o sinto
De alma e coração e em cor morena.

Divino o que tenho à mão, certamente
 Romã, de uma era de toda a semente,
Que vou articulando uma a uma para dar

À quadra natalícia o dom de amar
De alma e coração tal meu sentimento.
Grata sou por ter no caminho tão belo momento.

XV

Grata sou por ter no caminho tão belo momento
Que me navega por mares jamais pensados
E traz outras histórias do acontecimento
Memorável e gente de mundos desejados.

Assim escrevo de vós e para vós a canção 
"Natal", que reinará em todos os lares,
Brindando a um ano novo de ascensão,
Singela flor - estrela dos amores

Iluminando, o meu/ vosso canto, adorando 
O Menino Jesus que, em manjedoura nasceu,
De sina em cruz, viveu para salvar o mundo.

Ah, poderá haver situação mais trágica, 
(Humilhação/ violência) que a que Deus viveu!
A quadra de Natal é época mágica.

© Ró Mar

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

... QUE VENERO FLOR QUERIDA




FLORBELA ESPANCA


8 de Dezembro de 1894 - 8 de Dezembro de 1930


Singela Homenagem à Querida Poetisa Florbela Espanca


... QUE VENERO FLOR QUERIDA


Ah, Flor menina, Flor mulher, quão Bela!
A poesia que germina, doces lábios
Em laivos de amor, que adorna a janela
Do universo de magia pelos ventos sábios.

Ah, Bela, Flor eterna de um só amar!
A poesia que enaltece pela alma de olhar 
Gentil, sublime soneto que exalta 
O amor pelo formoso mar aeronauta.

Bordando a tristeza em perene verso,
Dilatando a saudade pelo veludo, 
Desenhando violetas a ouro berço.

Amor eterno que contempla a vida,
Iluminando a escrita, cantando
Harmonia, que venero Flor Querida.

© Ró Mar

2017/12/08


FLORBELA ESPANCA - "AMAR!"




Amar!


Eu quero amar, amar perdidamente! 
Amar só por amar: Aqui... além... 
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente... 
Amar! Amar! E não amar ninguém! 

Recordar? Esquecer? Indiferente!... 
Prender ou desprender? É mal? É bem? 
Quem disser que se pode amar alguém 
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida: 
É preciso cantá-la assim florida, 
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! 

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada 
Que seja a minha noite uma alvorada, 
Que me saiba perder... pra me encontrar... 

Florbela Espanca, in Charneca em Flor