sábado, 24 de fevereiro de 2018

TEMPO DE INOCÊNCIA




TEMPO DE INOCÊNCIA 


E a correr pelos campos verdejantes,
vem a luz do sol matinal... me abraça
dourando todos os trigos ondulantes,
numa cor de ouro sem nenhuma jaça.

Os meus olhos são feito dois mirantes
ou um farol aceso que a tudo devassa
e lembra-me das paisagens distantes:
uma casa... a rua... crianças na praça.

Uma ternura doce e de beleza infinita,
enlaça a minha alma que, ali, se agita
assim inebriada dum deleite profundo.

Esqueço a crise, as dores da vivência,
voltando ao meu tempo de inocência -
na linda manhã que ilumina o mundo!

Silvia Regina Costa Lima 

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

AMOR VERSUS PONTO CRUZ




AMOR VERSUS PONTO CRUZ 


Quanta saudade de teu olhar imagético,
Fino porte infernizando meus lábios silentes,
A vénia de um sorriso em meu ar patético...
E também de mim, que amei entre os dentes!

Saudade que me tem louca de desejo
De estar perto de ti, longe de tudo
Que apoquente a memória. Não vejo
Fluído pensamento à flor de veludo!

Vergo a alma combalida ao pano cru
Bordejando... elegia que não condiz
Com o tom escarlate que seduz.

Quanta sílaba pela noite, ao limiar da luz,
Passajando a quimera! Ainda assim diz
Que nós somos amor versus ponto cruz.

© Ró Mar

AMOR SEM HORA





AMOR SEM HORA


P’ la vidraça do quarto, a madrugada
Veio espreitar-nos, viu-nos acordados,
Envoltos em ternura, abraçados
E ficou observando, fascinada...

Trouxe o tempo com ela e, enleados, 
Não demos p’ la manhã já avançada
E a vida parou, desnorteada,
Sob nossos olhares apaixonados!

Sorrimos, sem ligar aos sons da rua,
Apenas por saber que merecemos
Esta felicidade, minha e tua...

É assim o amor que nós fazemos,
Desorganiza o tempo... e a lua 
Só se retira quando adormecemos!

Carlos Fragata 

POR DE DENTRO DA ALMA


Foto: Imagens do Mar


POR DE DENTRO DA ALMA


Passou por mim uma mágoa 
que teimou em ficar
qual lapa, resistente à água
da onda batida do mar.

Passou por mim uma dor 
que teimou em ficar
doeu, como só dói o amor
quando teima em acordar

Melhor fora adormecido 
na maré vaza e calma 
de uma manhã pachorrenta

No trovejar que rebenta
por de dentro da alma
que quero, mas não consigo!

António Fernandes

ALMA VAZIA PERDIDA NO TEMPO!!!...




ALMA VAZIA PERDIDA NO TEMPO!!!...


Alma triste... desiludida.. abandonada...
Que habitas neste corpo que é pó!...
Feito de lama... de lágrimas... de nada;
Vogando num mar de gelo sempre só!...

O espaço onde habitas é túmulo vazio...
Vegetas moribunda levada p´lo vento!...
Como um iceberg gelado p´lo frio;
Guardando no silêncio um ténue lamento!...

Alma que habitas em tosca morada,
Caminhas no tempo, em busca de nada...
Numa tentativa de ficares mais perto!...

As nuvens são negras num céu algo triste;
São marcas de fogo que na alma existe,
Jamais haverá um oásis neste ser deserto!...

António J. A. Cláudio