domingo, 22 de abril de 2018

A NOSSA ENTREGA


Arte de Joseph Mallord William Turner


A NOSSA ENTREGA


Fim do dia! No céu nódoas de brasa,
Aos poucos lá empalidece a mancha,
Desfazendo-se o colorido que arrasa,
Vindo sombras violetas de avalancha!

Ao olharmos as manchas do poente,
Chegou nossa entrega vorazmente!
O reflexo nas faces nós os dois o via,
Do sorriso feliz, que nos olhos se lia!

O céu é agora um enorme pálido lago 
Onde anda boiando a doce mansidão;
E o sopro amoroso do céu é um afago!

Penetrou em nossas almas claridade 
Enquanto a paz logo fez a associação
Com o doce voo ao longe de uma ave!

Alfredo Costa Pereira

quinta-feira, 5 de abril de 2018

BEIJO, BEIJAS COMO AS FLORES DE JARDIM


Imagem - Bellissime Immagini


BEIJO, BEIJAS COMO AS FLORES DE JARDIM


Face a face como as flores de jardim
Que iluminam os dias em novas primaveras,
Mais p' ra cá do que p' ra lá deste varandim
Em que me debruço e vislumbro quimeras.

Face a face como pestanas que regalam
Os dias, espreguiçando os olhos na maciez
De peles, dando cor à vida dos que amam
Sempre mais e mais do que uma simples vez.

Em vez de pensar no bem-estar de um colo
Beijo, beijas como as flores de jardim
Que beijam assim: lado a lado - o consolo;

Olhos nos olhos, de sorriso ávido...
Beijo, beijas como as flores de jardim
Que naturalmente perfumam o mundo. 

© Ró Mar

A GOTA DE ÁGUA


Pintura de Márcio Camargo


A GOTA DE ÁGUA


Foi a gota de água! A minha alma sofria,
Meu coração apaixonado já extravasava!
Sentia que alguém no meu interior falava,
E pouco a pouco a minha mente entendia, 

A harmonia que essa voz continha em si!
Libertei o meu desejo ardente num canto,
Lágrimas soltei e no desvario do pranto…
Compreendi… que morri de amores por ti! 

E como a aragem que corre lá ao longe no prado 
Faz o fumo que sai das chaminés das casas ondear,
Essa mesma aragem fresca faz o teu sorriso atear!

No sonhar desta fantasia, ardi em loucos desejos
E para parar minha agonia ousei cobrir-te de beijos!
Doce Primavera sinto agora contigo a meu lado!

© Alfredo Costa Pereira

O NOSSO ABRAÇO




O NOSSO ABRAÇO


Amor, meu doce amor, o nosso abraço,
A vida adiou para depois,
Criando entre nós este embaraço,
Mas nada vai mudar entre nós dois.
 
Ao sabor do destino, e no compasso
Desta louca saudade tão atroz,
Vamos fortalecendo este laço,
Criando etéreo espaço entre dois sóis.
 
Nosso qu’rer é bandeira flutuante,
Que se agita aos ventos do levante
E sempre se há - de erguer bem colorida.
 
Este abraço não morre na longura,
É tecido no amor e na ternura,
É força e razão da nossa vida
 
Abílio Ferradeira de Brito