quinta-feira, 6 de setembro de 2018

NUM DIA DE VINDIMAS


Pintura de José Malhoa


NUM DIA DE VINDIMAS


Setembro, das vindimas pressuposto,
As abelhas zumbem em boda aérea;
O sol está a cantar-te em cada artéria
E vai rosar a palidez do teu belo rosto;

O sol é um sublime pintor aguarelista;
E em teu elogio pintou desta maneira:
De âmbar negro a sombra da parreira;
Os cachos, tons de pedra de ametista;

Já vai muito alta a glória desta manhã;
E agora não sentes? O calor já aperta,
Tenho minha boca seca e tão deserta!

Por mim, só quero uns bagos de romã
Vindos da tua boca amor, entreaberta,
Atenuando minha dor com essa oferta!

© Alfredo Costa Pereira

terça-feira, 4 de setembro de 2018

FALA-ME DE AMOR


Bellissime Immagini


FALA-ME DE AMOR, 

DIZ-ME QUE O AMOR EXISTE!


Fala-me de amor, diz-me que o amor existe,
Pois, eu não o vejo! Fala-me de amor
Se é que sabes o que ele é, já o sentiste!
Eu, sinto tanto e nada vejo, vejo dor!

Vejo dor estampada no rosto do mundo,
E, eu que pensei saber tudo sobre o amor
Nada sei! Diz-me que há amor, neste mundo,
Se é que sabes o que ele é, serás tu o autor!

Meu Mestre, autor supremo de meu encanto,
Diz-me que não é utopia, que a vida seja alvorada!
Eu, sinto tanto e nada vejo, vejo verde pranto!

Vejo um mundo invisível, que nem sei se existe,
E, eu que pensei que viveria o amor nesta vida!
Fala-me de amor, diz-me que o amor existe!

© Ró Mar

domingo, 2 de setembro de 2018

VASTA PENUMBRA...




VASTA PENUMBRA...


Ó vasta penumbra em noite escura!...
Sombra cerrando os olhos à lua calma,
Vivente de indelével amargura
Que escurece os caminhos de Minh´ alma!...

Descalçai as trevas cheias ao luar...
E devolvei o brilho ao mundo poeta 
Que triste canta o infindo amar...
Num virgem mar de dor inquieta.

Vesti meu corpo de veste de rainha
Pra pedir vosso mirar à dita minha
Que há muito este meu cerne tece...

Já que reza em mim végeto fadário,
Levarei comigo da cruz o calvário...
O altar erigido de amor e prece!...

Helena Martins

sábado, 1 de setembro de 2018

LIVRO DE POEMAS




LIVRO DE POEMAS


Olho nas minhas mãos um livro aberto!
Bebendo em cada verso um sentimento…
Embevecido, durmo em pensamento,
E no fim da leitura, então desperto…

Há em cada poema um lamento…
Um grito lancinante, no deserto,
De um coração partido e sem conserto,
Procurando no espaço, acolhimento!

Lendo, sinto que sofro as mesmas dores,
As mesmas injustiças e razões,
Os mesmos desabafos e clamores!

Leio nestes poemas: confissões,
Deste poeta e outros sofredores,
No doce viajar das emoções!...