quinta-feira, 6 de setembro de 2018

NUM DIA DE VINDIMAS


Pintura de José Malhoa


NUM DIA DE VINDIMAS


Setembro, das vindimas pressuposto,
As abelhas zumbem em boda aérea;
O sol está a cantar-te em cada artéria
E vai rosar a palidez do teu belo rosto;

O sol é um sublime pintor aguarelista;
E em teu elogio pintou desta maneira:
De âmbar negro a sombra da parreira;
Os cachos, tons de pedra de ametista;

Já vai muito alta a glória desta manhã;
E agora não sentes? O calor já aperta,
Tenho minha boca seca e tão deserta!

Por mim, só quero uns bagos de romã
Vindos da tua boca amor, entreaberta,
Atenuando minha dor com essa oferta!

© Alfredo Costa Pereira