sábado, 26 de maio de 2018

ESTE RIO




ESTE RIO


Há um rio a correr dentro de mim,
É tão delicioso seu caudal,
Onde as musas se banham, num festim,
De forma tão jocosa e excecional.

Um rio que vai correndo e não tem fim.
Fugindo ao vulgar e sempre igual,
Flutua em cada margem um jardim,
Onde há sempre uma flor tão divinal.

Nas águas cristalinas do meu rio,
É tudo tão claro e transparente,
Há rouxinóis cantando ao desafio.

Há vida e valores ancestrais,
Há paz que se cultiva e se pressente,
Amores tão candentes, divinais.

Abílio Ferradeira de Brito 

QUERIA QUE VOCÊ ESTIVESSE




QUERIA QUE VOCÊ ESTIVESSE 

 
Queria que você estivesse aqui
sentado ao pé de mim, enlevado,
e tendo em seu peito - tatuado -
uma rosa beijada por um colibrí.
 
O que eu sei é que quando me sorri,
aqui um sol se abre no céu nublado
e, no meu Ser, seu Ser é encontrado,
como, no litoral, vive um sambaqui.
 
Meu amado, recrio palavras e versos,
refaço o céu, a paisagem, os espaços,
vendo minha imagem em seus braços.
 
Crio um elo de estrelas dos universos,
e abrigo-o - com flamejante emoção -
ainda que somente no meu coração!
 
Silvia Regina Costa Lima

SINTO A VIDA RENASCER


Arte de Alex Lashkevich


SINTO A VIDA RENASCER


Cai o luar do céu suavemente,
Os choupos belos nesta hora;
A paisagem tem voz, e a flora
Canta no embalo da corrente.

Tudo adormece naturalmente;
Sonham almas com a aurora;
Em cada estrela que há agora 
Sinto vida renascer impaciente.

A que continua sempre presa
Á tua eterna e límpida beleza 
Tal os astros e as nebulosas!

Quando te beijei num abraço
Ele mandou amor ao espaço
E na Terra fez abrir as rosas!

Alfredo Costa Pereira
 

DOCE BEIJAR


Imagem - Bellissime Immagini  


DOCE BEIJAR


A beleza natura que perpétua o luar,
O gesto alfazemado que prendo em mão,
Tem o brilho de um olhar rés ao coração,
Tem o nome que mui amo recordar.

A frescura dos dias, semeia mui ventos
Que inspiram outros mais que momentos,
Tem a cor vinculada de um certo arco-íris,
Tem o pronúncio que sempre condiz.

A simples flor do ser, que se multiplica,
Tem carisma, que um dia será meu luar,
Que perfuma sempre os dias e os triplica.

A paixão que se adivinha, entrelinhas,
Tem o sonho que um dia verá estrelinhas
Que contam os dias em doce beijar.

© RÓ MAR

quinta-feira, 24 de maio de 2018

PERDI - ME NO TEU CÉU




PERDI -ME NO TEU CÉU


Perdi-me no teu céu, a procurar
Aquela paz que aqui nunca encontrei
E fui numa réstia de luar,
Querendo te abraçar, mas não te achei.

Sorrindo às estrelas quis beijar,
Aquela que a sonhar eu tanto amei,
Voltei desiludido ao meu lugar,
Por eu não te encontrar, não te beijei.

Acenderam -se mil sois no infinito,
As musas despertaram a alvorada,
Bem disse o teu amor, amor bendito.

Do teu céu eu me fiz um navegante,
Eternamente és a minha amada,
Por todo o sempre eu sou o teu amante.

Abílio Ferradeira de Brito 

sábado, 19 de maio de 2018

A VOLÚPIA DA PAIXÃO


Arte de Pierre-Gérard Langlois


A VOLÚPIA DA PAIXÃO


Nesta fotografia em que estás colossal, perfumada,
Eu te dedico cheio de anseio e amor, minha amada
Toda a grande paixão que transborda do meu peito
Vem do coração que de tanto te amar está desfeito!

E esta tua fotografia escultural, que até a perfumei
Com a flor do nenúfar, digo-te agora que lhe gravei
Utilizando todas as tintas do poente, minha querida,
O amor que sinto por ti, que me veio adoçar a vida!

E para que a minha missiva, tivesse cores vivaces
Retoquei-a para não perder o rubor das tuas faces,
Preparei-a para quando leres, caias em meditação,

Dizendo-te quanto meu amor por ti é transcendente;
Que sou alguém que neste mundo por ti lentamente
Vai vivendo de amor por ti, com a volúpia da paixão!

Alfredo Costa Pereira
 

sexta-feira, 18 de maio de 2018

ÁGUA-BENTA



ÁGUA-BENTA


Eu remexo as cinzas da lareira,
reviro-as a buscar uma inteira
para que aqueça a noite gelada,
pra que serene a alma magoada.
 
Por entre as cinzas e a poeira
há a cheirosa e doce madeira,
que de um quintal foi retirada,
em manhã solar e abençoada.
 
A candeia está apagada agora,
na aproximação de outra aurora
que chega e, lá fora, se anuncia.
 
Visto-me - e a branca vestimenta
foi lavada com mágica água-benta
para afastar toda dor, toda agonia.
 
Silvia Regina Costa Lima

quinta-feira, 17 de maio de 2018

CONTIGO QUERO VIVER LONGE DA CIDADE


Fotografia de Manuela Morêda 


CONTIGO QUERO VIVER LONGE DA CIDADE


Longe da cidade, em paragens luminosas, cá, 
Onde a corrupção não formiga tanto como lá,
Seria com certeza nossa vida o mar de rosas,
Plena de felicidade, e paragens maravilhosas!

Libertos dos preconceitos desta vida mundana
Sentindo o fulgor da atração dos nossos peitos
Celebraríamos nosso amor aqui nesta cabana,
Totalmente livres de todos citadinos preceitos!

Pensava nisto, sonhador, fitei bem, sem receio
Com teus olhos queridos e meu coração cheio
De ardor! Senti o que poetas chamam amor!

Conclui, em consciência, com razão de sobra,
Que te adoro querida! Sou escravo desta obra!
Por aqui, os raios do luar dão-te mais frescor!

Alfredo Costa Pereira

SONETO 42 | 2018




SONETO 42 | 2018


No fundo dos teus olhos rasos
há um brilho que só eu o vejo
de uma lágrima de acasos
na saliva de um só beijo.

Há tanta ternura escondida
que tem medo em ser descoberta
por entre os atalhos da vida
envolta numa nuvem incerta.

De gotas tão resplandecentes 
trespassadas por raio solar
em terra arada acolhidas

um refugio de outras vidas 
já com asas para se libertar 
e voar, por entre as sementes!

António Fernandes

sábado, 5 de maio de 2018

SONETO PARA MIM




SONETO PARA MIM


Minha alma por vezes diz, andar perdida
não por estar nesta vida descontente
apenas porque são penas de outra vida
uma aflição, uma tortura veemente.

Se nos dias e noites hei-de chorar
que ninguém me diga nada ou me censure
anseio por viver e querer amar
é apenas um querer e que perdure!

Ser apenas um querer de bem querer
desejar nas manhãs ao alvorecer
luz e navegar nos dias a sorrir.

Na clara manhã em campos de papoilas
ouvindo ao longe o cantar de moçoilas
por entre doiradas hastes das searas 

Maria Lúcia Saraiva