quarta-feira, 7 de novembro de 2018

TÃO PERTO E TÃO LONGE





TÃO PERTO E TÃO LONGE


Tão perto e tão longe meu amor,
A mágoa que me toma não tem fim,
Só tu para acalmar a minha dor,
Como é triste meu bem viver assim.

Tão perto e tão longe eis a verdade,
Como posso eu viver nesta amargura,
Está ao nosso alcance a f’licidade,
És tu minha paixão, minha loucura.

Que posso eu fazer, para vencer,
Tudo aquilo, que tanto faz sofrer
Os nossos corações apaixonados.

Quero me erguer sem torpe, com destreza,
Sem réstia de cansaço ou tibieza,
Vivermos para sempre enamorados.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

NUM DIA DE VINDIMAS


Pintura de José Malhoa


NUM DIA DE VINDIMAS


Setembro, das vindimas pressuposto,
As abelhas zumbem em boda aérea;
O sol está a cantar-te em cada artéria
E vai rosar a palidez do teu belo rosto;

O sol é um sublime pintor aguarelista;
E em teu elogio pintou desta maneira:
De âmbar negro a sombra da parreira;
Os cachos, tons de pedra de ametista;

Já vai muito alta a glória desta manhã;
E agora não sentes? O calor já aperta,
Tenho minha boca seca e tão deserta!

Por mim, só quero uns bagos de romã
Vindos da tua boca amor, entreaberta,
Atenuando minha dor com essa oferta!

© Alfredo Costa Pereira

terça-feira, 4 de setembro de 2018

FALA-ME DE AMOR


Bellissime Immagini


FALA-ME DE AMOR, 

DIZ-ME QUE O AMOR EXISTE!


Fala-me de amor, diz-me que o amor existe,
Pois, eu não o vejo! Fala-me de amor
Se é que sabes o que ele é, já o sentiste!
Eu, sinto tanto e nada vejo, vejo dor!

Vejo dor estampada no rosto do mundo,
E, eu que pensei saber tudo sobre o amor
Nada sei! Diz-me que há amor, neste mundo,
Se é que sabes o que ele é, serás tu o autor!

Meu Mestre, autor supremo de meu encanto,
Diz-me que não é utopia, que a vida seja alvorada!
Eu, sinto tanto e nada vejo, vejo verde pranto!

Vejo um mundo invisível, que nem sei se existe,
E, eu que pensei que viveria o amor nesta vida!
Fala-me de amor, diz-me que o amor existe!

© Ró Mar

domingo, 2 de setembro de 2018

VASTA PENUMBRA...




VASTA PENUMBRA...


Ó vasta penumbra em noite escura!...
Sombra cerrando os olhos à lua calma,
Vivente de indelével amargura
Que escurece os caminhos de Minh´ alma!...

Descalçai as trevas cheias ao luar...
E devolvei o brilho ao mundo poeta 
Que triste canta o infindo amar...
Num virgem mar de dor inquieta.

Vesti meu corpo de veste de rainha
Pra pedir vosso mirar à dita minha
Que há muito este meu cerne tece...

Já que reza em mim végeto fadário,
Levarei comigo da cruz o calvário...
O altar erigido de amor e prece!...

Helena Martins

sábado, 1 de setembro de 2018

LIVRO DE POEMAS




LIVRO DE POEMAS


Olho nas minhas mãos um livro aberto!
Bebendo em cada verso um sentimento…
Embevecido, durmo em pensamento,
E no fim da leitura, então desperto…

Há em cada poema um lamento…
Um grito lancinante, no deserto,
De um coração partido e sem conserto,
Procurando no espaço, acolhimento!

Lendo, sinto que sofro as mesmas dores,
As mesmas injustiças e razões,
Os mesmos desabafos e clamores!

Leio nestes poemas: confissões,
Deste poeta e outros sofredores,
No doce viajar das emoções!...

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

QUIS DAR-TE A LUZ DO SOL





QUIS DAR-TE A LUZ DO SOL


O sol…, sim…, quis dar-te um dia a luz do sol
amar-te, em nobres sonhos, sobre o mar…
Um céu de estrelas tu terás como lençol,
no lago onde as medusas vão noivar.

Querer, é ver-te à luz ténue dum farol,
renascer sobre um oásis e cantar,
roubando a melodia a um rouxinol…
ao raminho onde a saudade vai pousar.

Se a chuva cai as giestas vão florir
nas gotas de água há cristais a sorrir,
às urzes e às penedias, numa estrada.

S’em meus sonhos há fragrâncias duma aurora
eu dou-te o sol dum ocaso, sem demora,
agradecendo esta saudade à madrugada.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

TU ÉS "NÃO SEI COMO” E “NÃO SEI QUÊ”


Pintura de Berthe Morisot


TU ÉS "NÃO SEI COMO” E “NÃO SEI QUÊ”


Se os anos que vêm forem como se prevê,
Ela, o meu amor, ainda mais me agradará;
Sim, porque só eu sei que em toda ela há, 
Um “não sei como” e um “não sei quê”!...

Enfeitiçaste-me logo com o teu olhar,
Mal nos demos, por acaso, a conhecer.
E se a outros pareces uma mulher vulgar,
Tu para mim és…,“não sei como” o dizer!...

E é por isso que eu nunca fico a cismar,
Quando te pões em silêncio, sem falar.
E, sendo a tua voz bonita e harmoniosa,

Nos teus silêncios, eu vejo um “não sei quê”, 
És de facto, ”não sei como” e “não sei quê”!
Um mágico encanto feiticeiro, és amorosa!

© Alfredo Costa Pereira

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

UM SÓ CORAÇÃO


Imagem: Google


UM SÓ CORAÇÃO


Eu tenho um coração que é partilhado,
Numa união perfeita por amor,
Por isso eu me sinto tão amado,
Que faz de mim um poeta sonhador.

Ele vive em meu peito encantado,
Tão feliz tomou asas de condor,
Para puder voar por todo o lado
E procurar bem longe o seu amor.

Unidos eles são apaixonados,
Na teia do destino colocados,
Na chama do desejo que não mente.

Quando do coração se faz partilha,
Algo dentro de nós, pula e fervilha.
Querendo amar, amar, tão loucamente.

Abílio Ferradeira de Brito

domingo, 26 de agosto de 2018

VELUDO RUBRO AO LUAR


Imagem- Bellissime Immagini 


Veludo rubro ao luar


Abraça-me, naquele desejo fugaz
Que só tu sabes, meu amor, o que se faz
De alma e se enlaça no coração
Soltando gemidos de pétalas rubras.

Veludo rubro dos teus celsos lábios 
Que invocam o celestial vento, são
Desnovelo de meus cabelos, cios 
Que rodopiam pelo teu corpo.

Abraça-me na tua doce brisa
Meu amor, pele sana, corpo-a-corpo, 
Que se rompe ao universo, rara coisa.

Momento magnânimo, soberbas,
Excelsas borboletas que se esvoaçam
Ao luar, para contemplar os que amam.

© Ró Mar

sábado, 25 de agosto de 2018

MAR CALMO


Imagem: Google


MAR CALMO


No Verão, as ondas calmas e serenas,
Que ondulam sobre o mar suavemente,
Desmaiam sobre a areia fina e quente,
Em espuma se espraiando tão amenas!...

O sol que torna as dermes mais morenas!
Que as beldades expõe garbosamente!
Aquece os corações vibrantemente,
Acendendo paixões, de Verão, apenas…

Vem o Outono, o mar fica encrespado!
Quando bate na rocha, assustador!
Tenebroso, imponente, incontrolado…

Parece um outro mar, ameaçador!
Ele que foi no Verão tão desejado
E testemunha foi de tanto amor!...

José Manuel Cabrita Neves

SEDUZES-ME NO TEU CANTAR


Arte de Gisela Gaffoglio


SEDUZES-ME NO TEU CANTAR


Seduzes-me no teu cantar;
Tens pérolas na garganta
Envoltas em flocos de luar;
A tua voz formosa encanta!

E passo a vida num sonho;
Sou simples, sou contente.
E até mesmo no medonho,
Amo-te sim, sinceramente!

Até vivo ao lado da Poesia
Vibro sempre na harmonia
Vinda das almas e Poetas!

E com belezas imprevistas
Compões como as artistas
Em todas as várias facetas!

Alfredo Costa Pereira

`O DECASSÍLABO AMAR´


Arte de Pascale Pratte - Open ArtGroup


`O Decassílabo Amar´


Ah, beijo as sílabas uma a uma
Num rendilhado ímpar de uma 
Pluma que se voa no dedilhar
Ao vento pelo decassílabo!

Invento um mero astrolábio
Que vai do meu desejoso lábio
Até ao que conheço e percebo
E logo surge algo a escrevinhar.

Algo que se confunde no além
Com os demais astros e que também
Integra o meu coração aquém.

Entre o dedilhar e o beijar
Nasce `o decassílabo amar´
Que voa pelo vento além-mar.

© Ró Mar

SONHOS E DELÍRIOS…


Imagem - Google


SONHOS E DELÍRIOS…


Convoco a corte silente do amor…
Por a teus olhos competirem lírios,
Brotando seu perfume no clamor
De sonhos tamanhos e delírios!...

Quão sábios ao luar, lindos e ternos…
Sobre os meus - sempre que neles reparo!...
Tombam doces feito lagos eternos…
E em meu nobre peito os aparo!…

Ora não fosse justa a incumbência…
Rainha santa de tal veleidade,
Florindo séria pureza em flor…

Diria com altivez e demência,
Neles pernoita a eternidade…
Tão linda prometendo meu amor!…

Helena M. Martins

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

ADORO


Imagem: Bellissime Immagini 


ADORO


Adoro esse teu rosto, a forma suave
Adoro o teu sorriso de cetim
Adoro a tua alma (e tenho a chave)
Adoro o que tens sido para mim

Adoro. E nem sequer há quem me trave
Adoro-te qual flor de algum jardim
Adoro como adora o ninho, a ave,
Adoro quanto és... sem mais... assim

Adoro. E de adorar-te não me farto
Quer seja em pleno amor tido num quarto
Quer seja dia a dia quando falas

Adoro o que me dizes, por ser mago...
Adoro o teu silêncio e me embriago
Se um beijo tu me dás quando te calas.

Joaquim Sustelo
CAMINHOS DA VIDA

terça-feira, 31 de julho de 2018

VIVER É AMAR




VIVER É AMAR

 
A vida bem vivida é sempre linda,
Se temos algo belo a partilhar,
Só neste mundo vive bem a vida,
Quem tem um coração, que sabe amar.
 
Só o amor a faz, mais colorida,
Só o ele nos envolve e faz sonhar,
Porque é transcendental se faz jazida
Do melhor, que este mundo pode dar.
 
Viver, sem esse bem, é noite escura,
Não ter, nem carinhos, nem ternura,
Que encha o coração em cada dia.
 
É tão grande, o seu supre valor,
Pois se alguém vive só, sem ter amor,
É porque não conhece essa alegria.
 
Abílio Ferradeira de Brito

sábado, 28 de julho de 2018

SORRISO ALEGRE QUE ME FEZ CHORAR


Aguarela de Alberto Lacerda 


SORRISO ALEGRE QUE ME FEZ CHORAR


Falou o Sol, depois Lua, o Vento
Vinha tão carregado de mistério;
Estava linda a noite e, sonolento
Adormeci! Sonhei mesmo a sério,

Que os teus beijos eram prendas;
Embrulhei-as: raios de luz foram
Os fios, com o luar teci as rendas.
Quando meus sonhos terminaram,

Um sorriso, teus olhos cintilaram,
Acordaste-me, estava-te a adorar;
Sorriso alegre que me fez chorar!

O sino tocou, ouvia-se lá de fora;
Com mãos dadas fomos embora
Pelas silvas, com sabor a amora! 

Alfredo Costa Pereira
 

quarta-feira, 25 de julho de 2018

O RELÓGIO NÃO PARA


Imagem: Google


O RELÓGIO NÃO PARA


Relógio, que não paras de marcar,
O tempo deste meu triste viver,
Quando será que tu irás parar
P’ra, que possa deixar eu de sofrer.

Não sei onde o meu tempo vai chegar,
Só Deus que está no céu pode saber,
Não quero meu amigo, nem pensar,
Que vá sofrer assim até morrer.

Nesse teu tic - tac vás andando,
As horas uma a uma vou contando,
Suportando esta dor, que em mim não quero.

Não sei, o que fazer para acalmar,
Esta angustia, que teima em ficar,
Enquanto eu te olho e desespero!

sábado, 21 de julho de 2018

O UNIVERSO DA PAIXÃO


Imagem - Zzzoé à la CAMPAGNE


O UNIVERSO DA PAIXÃO 


O dia claro de verde rosmaninho
Pra brindar teus olhos p'lo sonho
De uma primavera em plena flor
Que ao pôr do sol renasce pró amor.

O campo de ouro trigo pra ti
E teus cabelos ao vento a deambular
A nova natureza que há aqui
Onde meus lábios suspiram (a)mar.

O rio que passa rés ao meu coração
Tem a cor madressilva de teu olhar
E espelha terno rosto em botão.

A brisa que segreda esta canção
Abre os braços em pétalas par
Pra receber o universo da paixão.

© Ró Mar

sábado, 14 de julho de 2018

A MINHA ELEITA


Pintura de Paul Cézanne


A MINHA ELEITA


Aquela que há de ser a minha mulher, 
De cabelo castanho vai-me surpreender, 
Para eu a beijar dentro no meu castelo
De sonhos, ao poente rubro e amarelo!

Aquela que para a vida vier a escolher 
Para realizar todas as minhas esperanças
Além de ser meiga e gentil, ela terá de ter 
Olhos grandes e leais como as crianças!

Corpo quente, tal como as suas palavras, 
Seios com a curvatura das ondas bravas, 
Altos e fortes, como sinto o meu orgulho.

Terá na boca mil beijos a rir para o mundo, 
Que nos vai atrair depressa num segundo 
Para junto dos cravos sensuais de Julho!

Alfredo Costa Pereira
 AO PÉ DO MAR

O BRILHO DO TEU SORRISO


Imagem - Bellissime Immagini


O BRILHO DO TEU SORRISO


 Brilha o teu sorriso no meu céu.
Tens dotes de princesa fulgurante, 
Partilhas o sorriso com o meu
E eu sinto, que de mim, não estais distante.

Tal como a linda estrela de “Orpheu”,
Eu sinto o teu sorriso refulgente,
Louvando o Senhor Deus, p’lo que me deu,
A alma se regozija de contente.

O teu sorriso brilha, tem fulgor,
Nele eu me revejo meu amor,
É luz, que ilumina a minha estrada!

Por ele eu esperei a vida inteira,
É quem acende em mim esta fogueira,
Que fez de ti a minha eterna amada!

Abílio Ferradeira de Brito

quarta-feira, 11 de julho de 2018

ENCANTADORA A VIDA QUE ME DESTE


Arte de Eliseu Visconti


ENCANTADORA A VIDA QUE ME DESTE


Tens canções na boca e beijos no olhar...
Noites de Lua extática, serena, dormente,
Assim tu me inspiraste sob a luz do luar,
Em que nos beijamos apaixonadamente!

Alegres, inebriantes, os beijos de amor 
São como harpejos da boca de uma flor;
Ao pé de mim o teu corpo é lírio aberto
Com graça, sorriso e gosto de um afeto;

Que encantadora foi a vida que me deste!
Por ti saboreei o mel, como tu o quiseste,
Não me esqueço das emoções que pinto!

Sou sonho e lenda! Tu és o meu perfume
Com um sorriso faiscante como o lume;
Fecho o soneto onde escrevi o que sinto!

Alfredo Costa Pereira

sábado, 7 de julho de 2018

BEIJA-ME A TEMPO INTEIRO


Imagem - Bellissime Immagini 


BEIJA-ME A TEMPO INTEIRO


Este final de tarde, que finda em mim,
É dia de verão que veste a cetim
E olhando pró mar penso em ti
Como una onda, que nasce daqui

E vai além horizonte, onde tu és 
Mais que estrela e o céu brilha pra mim
Como una luz presente, que através
De unas asas aflora a raiz em mim.

É tudo tão real, que sinto em mim,
Como algo que não sei descrever
Melhor do que sei que quero viver!

Este mar, que rumo ao camarim,
É amor e o dia é uno nevoeiro,
Ainda assim beija-me a tempo inteiro!

© Ró Mar

quinta-feira, 5 de julho de 2018

UM OLHAR DIFERENTE




UM OLHAR DIFERENTE


À beira mar a tarde se ameniza,
Num pôr-do-sol em tons crepusculares,
Fazendo bela a imensidão dos mares
E saborosa a sua fresca brisa!

Das ondas escuto suaves marulhares,
Quando fazem das rochas pára-brisa,
Que ao mesmo tempo as molda e as matiza,
Tornando-as esculturas invulgares!

Quando somos sensíveis à beleza,
Vimos com outro olhar a Natureza,
Em tudo o que a compõe e em qualquer parte!

Tudo nos surpreende e nos espanta,
Porque tudo o que é belo nos encanta,
Porque há dentro de nós amor à arte!...

J. M. Cabrita Neves

quinta-feira, 28 de junho de 2018

ABRAÇO




ABRAÇO


Cruzamos os olhares com sorrisos!
Encanta-me de tal modo a tua fronte,
Que até no Inferno eu vejo Paraísos
Que enchem o meu longo horizonte!

E no meio dos teus seios de mulher
Logo eu vim com amor e ternura pôr
Uma rosa singela que lá fui escolher;
Uma rosa vermelha sim, cor do amor.

Vem já minha querida comigo agora,
Para o Poente e o pôr-do-sol avistar,
Ver gaivotas voar sobre azul do mar!

Abrirei os meus braços sem demora
E juntos com o teu corpo perfumado
Permanecerei amor, a ti abraçado!

sábado, 23 de junho de 2018

MEUS SONHOS SÃO TEUS SONHOS




MEUS SONHOS SÃO TEUS SONHOS


Tu sonhas, os meus sonhos, acordada,
Vestes os meus desejos com fervor,
Eu sei que sou teu Sol, tua alvorada,
Que brilha no teu céu, vestindo amor.

Tu és a minha musa despertada,
Que canta ao meu ouvido com langor,
Por isso serás sempre a minha amada,
Minha vida sem ti, não tem valor.

Eu vivo a recriar a tua imagem,
Abraçando-me a ti, a toda a hora,
Querendo o teu corpo junto ao meu.

Orando eu peço a Deus muita coragem,
P’ra puder suportar esta demora,
Tal como a Julieta e Romeu.

Abílio Ferradeira de Brito

quarta-feira, 6 de junho de 2018

“O BEIJINHO DO MAR”


Pintura de Carlos Ramos 


“O BEIJINHO DO MAR”


A bela pequena concha trabalhada
O “beijinho do mar” que me deste
Foi porventura para a praia atirada
Por ondas do mar vinda do Oeste!

E para ali ficou na areia encravada.
Um dia na praia com pé lhe deste!
Que prenda gentil e bem enfeitada
Envolta em lenço tu me trouxeste!

E eu guardo esse amoroso objeto 
O “beijinho do mar”, com tal afeto
Minha querida mulher mui amada,

No meu carro, à vista desarmada,
Ao lado da rosa com bom aspeto,
Que lá puseste na noite passada!

Alfredo Costa Pereira

sábado, 26 de maio de 2018

ESTE RIO




ESTE RIO


Há um rio a correr dentro de mim,
É tão delicioso seu caudal,
Onde as musas se banham, num festim,
De forma tão jocosa e excecional.

Um rio que vai correndo e não tem fim.
Fugindo ao vulgar e sempre igual,
Flutua em cada margem um jardim,
Onde há sempre uma flor tão divinal.

Nas águas cristalinas do meu rio,
É tudo tão claro e transparente,
Há rouxinóis cantando ao desafio.

Há vida e valores ancestrais,
Há paz que se cultiva e se pressente,
Amores tão candentes, divinais.

Abílio Ferradeira de Brito 

QUERIA QUE VOCÊ ESTIVESSE




QUERIA QUE VOCÊ ESTIVESSE 

 
Queria que você estivesse aqui
sentado ao pé de mim, enlevado,
e tendo em seu peito - tatuado -
uma rosa beijada por um colibrí.
 
O que eu sei é que quando me sorri,
aqui um sol se abre no céu nublado
e, no meu Ser, seu Ser é encontrado,
como, no litoral, vive um sambaqui.
 
Meu amado, recrio palavras e versos,
refaço o céu, a paisagem, os espaços,
vendo minha imagem em seus braços.
 
Crio um elo de estrelas dos universos,
e abrigo-o - com flamejante emoção -
ainda que somente no meu coração!
 
Silvia Regina Costa Lima

SINTO A VIDA RENASCER


Arte de Alex Lashkevich


SINTO A VIDA RENASCER


Cai o luar do céu suavemente,
Os choupos belos nesta hora;
A paisagem tem voz, e a flora
Canta no embalo da corrente.

Tudo adormece naturalmente;
Sonham almas com a aurora;
Em cada estrela que há agora 
Sinto vida renascer impaciente.

A que continua sempre presa
Á tua eterna e límpida beleza 
Tal os astros e as nebulosas!

Quando te beijei num abraço
Ele mandou amor ao espaço
E na Terra fez abrir as rosas!

Alfredo Costa Pereira
 

DOCE BEIJAR


Imagem - Bellissime Immagini  


DOCE BEIJAR


A beleza natura que perpétua o luar,
O gesto alfazemado que prendo em mão,
Tem o brilho de um olhar rés ao coração,
Tem o nome que mui amo recordar.

A frescura dos dias, semeia mui ventos
Que inspiram outros mais que momentos,
Tem a cor vinculada de um certo arco-íris,
Tem o pronúncio que sempre condiz.

A simples flor do ser, que se multiplica,
Tem carisma, que um dia será meu luar,
Que perfuma sempre os dias e os triplica.

A paixão que se adivinha, entrelinhas,
Tem o sonho que um dia verá estrelinhas
Que contam os dias em doce beijar.

© RÓ MAR

quinta-feira, 24 de maio de 2018

PERDI - ME NO TEU CÉU




PERDI -ME NO TEU CÉU


Perdi-me no teu céu, a procurar
Aquela paz que aqui nunca encontrei
E fui numa réstia de luar,
Querendo te abraçar, mas não te achei.

Sorrindo às estrelas quis beijar,
Aquela que a sonhar eu tanto amei,
Voltei desiludido ao meu lugar,
Por eu não te encontrar, não te beijei.

Acenderam -se mil sois no infinito,
As musas despertaram a alvorada,
Bem disse o teu amor, amor bendito.

Do teu céu eu me fiz um navegante,
Eternamente és a minha amada,
Por todo o sempre eu sou o teu amante.

Abílio Ferradeira de Brito 

sábado, 19 de maio de 2018

A VOLÚPIA DA PAIXÃO


Arte de Pierre-Gérard Langlois


A VOLÚPIA DA PAIXÃO


Nesta fotografia em que estás colossal, perfumada,
Eu te dedico cheio de anseio e amor, minha amada
Toda a grande paixão que transborda do meu peito
Vem do coração que de tanto te amar está desfeito!

E esta tua fotografia escultural, que até a perfumei
Com a flor do nenúfar, digo-te agora que lhe gravei
Utilizando todas as tintas do poente, minha querida,
O amor que sinto por ti, que me veio adoçar a vida!

E para que a minha missiva, tivesse cores vivaces
Retoquei-a para não perder o rubor das tuas faces,
Preparei-a para quando leres, caias em meditação,

Dizendo-te quanto meu amor por ti é transcendente;
Que sou alguém que neste mundo por ti lentamente
Vai vivendo de amor por ti, com a volúpia da paixão!

Alfredo Costa Pereira
 

sexta-feira, 18 de maio de 2018

ÁGUA-BENTA



ÁGUA-BENTA


Eu remexo as cinzas da lareira,
reviro-as a buscar uma inteira
para que aqueça a noite gelada,
pra que serene a alma magoada.
 
Por entre as cinzas e a poeira
há a cheirosa e doce madeira,
que de um quintal foi retirada,
em manhã solar e abençoada.
 
A candeia está apagada agora,
na aproximação de outra aurora
que chega e, lá fora, se anuncia.
 
Visto-me - e a branca vestimenta
foi lavada com mágica água-benta
para afastar toda dor, toda agonia.
 
Silvia Regina Costa Lima

quinta-feira, 17 de maio de 2018

CONTIGO QUERO VIVER LONGE DA CIDADE


Fotografia de Manuela Morêda 


CONTIGO QUERO VIVER LONGE DA CIDADE


Longe da cidade, em paragens luminosas, cá, 
Onde a corrupção não formiga tanto como lá,
Seria com certeza nossa vida o mar de rosas,
Plena de felicidade, e paragens maravilhosas!

Libertos dos preconceitos desta vida mundana
Sentindo o fulgor da atração dos nossos peitos
Celebraríamos nosso amor aqui nesta cabana,
Totalmente livres de todos citadinos preceitos!

Pensava nisto, sonhador, fitei bem, sem receio
Com teus olhos queridos e meu coração cheio
De ardor! Senti o que poetas chamam amor!

Conclui, em consciência, com razão de sobra,
Que te adoro querida! Sou escravo desta obra!
Por aqui, os raios do luar dão-te mais frescor!

Alfredo Costa Pereira

SONETO 42 | 2018




SONETO 42 | 2018


No fundo dos teus olhos rasos
há um brilho que só eu o vejo
de uma lágrima de acasos
na saliva de um só beijo.

Há tanta ternura escondida
que tem medo em ser descoberta
por entre os atalhos da vida
envolta numa nuvem incerta.

De gotas tão resplandecentes 
trespassadas por raio solar
em terra arada acolhidas

um refugio de outras vidas 
já com asas para se libertar 
e voar, por entre as sementes!

António Fernandes

sábado, 5 de maio de 2018

SONETO PARA MIM




SONETO PARA MIM


Minha alma por vezes diz, andar perdida
não por estar nesta vida descontente
apenas porque são penas de outra vida
uma aflição, uma tortura veemente.

Se nos dias e noites hei-de chorar
que ninguém me diga nada ou me censure
anseio por viver e querer amar
é apenas um querer e que perdure!

Ser apenas um querer de bem querer
desejar nas manhãs ao alvorecer
luz e navegar nos dias a sorrir.

Na clara manhã em campos de papoilas
ouvindo ao longe o cantar de moçoilas
por entre doiradas hastes das searas 

Maria Lúcia Saraiva

domingo, 22 de abril de 2018

A NOSSA ENTREGA


Arte de Joseph Mallord William Turner


A NOSSA ENTREGA


Fim do dia! No céu nódoas de brasa,
Aos poucos lá empalidece a mancha,
Desfazendo-se o colorido que arrasa,
Vindo sombras violetas de avalancha!

Ao olharmos as manchas do poente,
Chegou nossa entrega vorazmente!
O reflexo nas faces nós os dois o via,
Do sorriso feliz, que nos olhos se lia!

O céu é agora um enorme pálido lago 
Onde anda boiando a doce mansidão;
E o sopro amoroso do céu é um afago!

Penetrou em nossas almas claridade 
Enquanto a paz logo fez a associação
Com o doce voo ao longe de uma ave!

Alfredo Costa Pereira

quinta-feira, 5 de abril de 2018

BEIJO, BEIJAS COMO AS FLORES DE JARDIM


Imagem - Bellissime Immagini


BEIJO, BEIJAS COMO AS FLORES DE JARDIM


Face a face como as flores de jardim
Que iluminam os dias em novas primaveras,
Mais p' ra cá do que p' ra lá deste varandim
Em que me debruço e vislumbro quimeras.

Face a face como pestanas que regalam
Os dias, espreguiçando os olhos na maciez
De peles, dando cor à vida dos que amam
Sempre mais e mais do que uma simples vez.

Em vez de pensar no bem-estar de um colo
Beijo, beijas como as flores de jardim
Que beijam assim: lado a lado - o consolo;

Olhos nos olhos, de sorriso ávido...
Beijo, beijas como as flores de jardim
Que naturalmente perfumam o mundo. 

© Ró Mar

A GOTA DE ÁGUA


Pintura de Márcio Camargo


A GOTA DE ÁGUA


Foi a gota de água! A minha alma sofria,
Meu coração apaixonado já extravasava!
Sentia que alguém no meu interior falava,
E pouco a pouco a minha mente entendia, 

A harmonia que essa voz continha em si!
Libertei o meu desejo ardente num canto,
Lágrimas soltei e no desvario do pranto…
Compreendi… que morri de amores por ti! 

E como a aragem que corre lá ao longe no prado 
Faz o fumo que sai das chaminés das casas ondear,
Essa mesma aragem fresca faz o teu sorriso atear!

No sonhar desta fantasia, ardi em loucos desejos
E para parar minha agonia ousei cobrir-te de beijos!
Doce Primavera sinto agora contigo a meu lado!

© Alfredo Costa Pereira

O NOSSO ABRAÇO




O NOSSO ABRAÇO


Amor, meu doce amor, o nosso abraço,
A vida adiou para depois,
Criando entre nós este embaraço,
Mas nada vai mudar entre nós dois.
 
Ao sabor do destino, e no compasso
Desta louca saudade tão atroz,
Vamos fortalecendo este laço,
Criando etéreo espaço entre dois sóis.
 
Nosso qu’rer é bandeira flutuante,
Que se agita aos ventos do levante
E sempre se há - de erguer bem colorida.
 
Este abraço não morre na longura,
É tecido no amor e na ternura,
É força e razão da nossa vida
 
Abílio Ferradeira de Brito