terça-feira, 4 de julho de 2017

DEI-ME À VIDA

 

DEI-ME À VIDA


Dei-me à vida e a vida o que me deu?
Um mar de dor, de forte ondulação,
Um mar de mágoas, acre é o meu pão,
Diz-me vida, que vida tenho eu?

Dei-me à vida e a vida me esqueceu,
Andei de lés-a-lés nesta ilusão,
Amei, lutei, sofri, fui bom cristão,
Mas tudo isto nada me valeu.

Tão pouco já me resta desta estrada,
Não tarda que termine a caminhada,
Mendigo endrajado me detenho.

Medito na razão de estar aqui
Porquê que toda a vida eu sofri,
Buscando a f’licidade e não a tenho?

Abílio Ferradeira de Brito