sábado, 30 de dezembro de 2017

FIM DE ANO



FIM DE ANO
 

Fim de ano!... Faço nova retrospectiva
de tudo aquilo que eu queria e não fiz:
pego um lápis... papel... lousa, meu giz
e esboço a tal lista - de forma negativa.

Ah! Eu sei que deveria ser mais positiva,
achar minhas pérolas... até alguns rubis;
lembrar de perigos que venci por um triz
e com minha sina ser mais compreensiva.

Fim de ano! Gostaria de poder esquecer
os desencantos... também o parco prazer
e ver a vida dum modo menos profundo.

Fechar o jornal - com as feridas do mundo-
deixar a dor... todos esses dramas pra fora
e despertar, com amnésia, na nova aurora.

Silvia Regina Costa Lima

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

VALSA DAS PALAVRAS


Pintura por Andre Lucero


VALSA DAS PALAVRAS


Vestida de seda alva, pura e calma...
Dançando no píncaro das palavras,
Ao luar da noite que ilumina a alma...
Ó doce melodia por que lavras?

Tal acorde com sentimento tocando...
O genes da ternura no ar em flor;
Os braços esguios no alto se elevando...
Quanto sentido perfumado d' amor?

E o mundo de desejos mil balança...
O meu espírito néscio alcança,
Entre neblinas que assolam a mente:

Do chão vê brotando mais de mil rosas, 
E esvaídos rostos de mãos preciosas
O Cerne derramando docemente...

Helena M. Martins

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

ESPÍRITO DE NATAL




ESPÍRITO DE NATAL


E numa caixa muito delicada
coloquei, do ar, uma peninha;
pus, do mar, uma conchinha,
da terra, a semente sagrada.

O amor (na forma consagrada)
eu encaixei ali, nessa caixinha,
porque ela mesma já continha,
o fogo da minha poesia amada.

Senti que reproduzia o mundo
no meu presente tão emotivo,
cheio de significado profundo.

E a minha dádiva sentimental
foi pra que permanecesse vivo
todo o lindo Espírito de Natal!

Silvia Regina Costa Lima

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O RENASCER DE JESUS


Imagem Google


O RENASCER DE JESUS


O Natal será para sempre lembrado,
P'la magia da juvenilidade e harmonia,
Enamorado coração que une amado,

Época a mil uma folhas de alegria.
Primavera florescendo ao outono 
Da vida, a criança a nascer, poesia

Que recorda o tempo que traz um ano
Encantado p'lo sonho de novo dia.
P´las alvas açuçenas o libertar,
Um amanhã níveo num acordar
Sereno a fé, a esperança duma luz.

Será estação nova p'la humanidade,
Cantiga de amor, uma eterna saudade,
Que traz ao tempo o renascer de Jesus.

© Ró Mar

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

MINHA ESTRELA GUIA


Imagem - Google



MINHA ESTRELA GUIA


I

Aquece-me a alma, minha estrela guia,
Pra dar alegria e voz ao coração
Duma humanidade a carecer poesia
E num forte abraço de amor paixão.

Que a tua luz traga a todos no mundo
Um novo espírito, luzente, infinito,
De Natal p'la Terra, mui forte, fecundo,
Numa árvore nova, esperança ao aflito!

Para que seja Natal p'lo universo
Desejo tua presença, num sorriso uno,
Em caricia à gente, a quem dou meu verso

A teu coração, num singelo berço.
Ah, Cristo amado vem ao humano,
Minha estrela guia, une mundo diverso!

II

Aquece-me a alma, ilumina momentos
Qu' embrenhem a verde luz, dum caminhar
P'lo alto mar, à nossa pátria de encantos.
Ah, mastro - navio que desejo içar!

Refletindo por centelha familiar:
Quanta letra tem o navio do povo?
Conto ao vento sílabas a par e par,
Que o destino embarque noutro ano novo!

Ah, poesia que navega a profundeza
Numa alma que tem o coração de (a)mar
Uma humanidade p'la sua natureza!

Ah, singeleza ondeando o Horizonte 
Da Poesia, tem certo dom a poetar
A nação, aquece minha alma viajante!

III

Aquece-me a alma, à tua sabedoria
Para dar amor, vida p'lo coração,
Dos que mais precisem duma caricia,
Num gesto amigo, singelo a paixão.

Ah, Jesus Menino, meu berço adorado,
Mártir, salvador, fermenta a nossa vida,
P'lo pão nosso dia a dia mais que fornada,
Para o Natal ser duradouro reinado!

Que a tua luz entre p'lo novo caminhar
E numa labareda de paz e humildade
Para com o próximo que é familiar.

Para que seja Natal p'la humanidade! 
Desejo tua presença, num escrito poesia,
Aquece-me a alma, minha estrela guia.

© Ró Mar

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A QUADRA DE NATAL É ÉPOCA MÁGICA



A QUADRA DE NATAL É ÉPOCA MÁGICA


I

A quadra de Natal é época mágica, 
Onde há luz e cor em toda a humanidade 
As árvores vestem uma imagética 
Que aviva a natureza com luminosidade.

Celebra-se em família, o nascimento, 
Onde há harmonia, amor e felicidade 
Pelo Menino Jesus que nasceu bento 
No mais belo presépio de simplicidade. 

O verde musgo, que inventa a pastagem, 
Onde surge os três réis magos que trazem 
Ao reino mirra, incenso, ouro e alegria. 

À volta do presépio as crianças brincam,
No mais belo cenário, baloiçando o coração
Às baladas da noite tocam sinos de poesia.

II

Às baladas da noite tocam sinos de poesia,
Data que nasceu Cristo, diz na lenda que o Galo 
Foi o primeiro animal a presenteá-lo, 
Gente na Igreja para "Missa do Galo". A magia

Do Pai de Natal, mais velho não desce a chaminé 
Mas quer estar presente em todos os lares, até
Tarde, contemplando o Natal de dia feriado,
Mais que motivo para ter a família ao lado.

Na noite de consoada há peru, rabanadas,
Bolo rei e outros, que deixam as mesas enfeitadas
Para o dia de Natal, quanta fartura!

O Natal é em qualquer lugar até pelas ruas,
Onde reina o frio, há bacalhau sem espinhas
E com todos, broa, tinto e mantas com largura!

III

E com todos, broa, tinto e mantas com largura,
A noite é de alegria que dá esperança ao planeta!
Nasceu o Salvador, pois, que haja nova estrutura
Pró que labuta sol a sol e não vê cheta!

Eis, a hora de contemplar a vida, 
Com toda a animação pela noite fora,
Vivendo o espírito natalício, de mão dada
E de coração aberto como quem namora!

Natal, é união e amor para com o próximo,
Devia ser dividido pelos dias ao máximo
E ser presente ao novo ano com vida e poesia.

Em sintonia, onde há estrelas luzindo a noite
E sol beijando a lua. Triste, menina da noite
Que é tanto quanto as outras e não tem família!

IV

Que é tanto quanto as outras e não tem família,
Teto pouco tem e a comida é o que vem,
De brinquedos nem fala, pensa noutra mobília
Que ilustre o dia! Ainda assim, esperança tem

Que regala o olho e pede ao pé descalço o Pai Natal:
Uns pais bonitos, como os que vê por aí passeando,
E ainda mais, umas gomas, que não caiam mal.
A noite vem e sobe a estrela ao céu e ela olhando

As casas luzidias e de cheirinho,
O azevinho, murmurando: quem têm pais 
Tem tudo! E, adormece o pinheirinho.

É noite de Natal e pela manhã há Natal!
Não há sonhos, mas, há outras coisas mais
Colorindo ruas, alguns agasalhos pró Carnaval!

V

Colorindo ruas, alguns agasalhos pró Carnaval,
O sol já vai alto, há comidas outras
E do bolo rei a fava para dar ar de Natal,
O seu jardim lotado de meninas loiras,

Onde há brincadeira e mui alegria!
É o grandioso dia, onde se juntam meninos
E outros, primos, amigos partilhando sabedoria
Entre si, de um Natal com todos os mimos.

Há solidão estampada pelo jardim,
Que poucos reparam, os que enxergam nada 
Têm para dar, ainda assim, têm o sorriso querubim,

Que sempre estrela os olhos e dá calor
Espalhando o Natal pelo verdadeiro amor,
Coração que é lágrima na hora da despedida.

VI

Coração que é lágrima na hora da despedida
Ao abençoado dia pelo nosso Menino Jesus,
Que ao mundo veio honrar a lei da vida,
Perdoando os pecadores que o levam à cruz.

Eis, uma salvação para a humanidade,
Mensagem natalícia que devia perpetuar
Pelo tempo como lei maior e humilde
Na sua prática para o universo amar.

Somos filhos de Deus, há sempre um irmão,
Abracemos o nosso semelhante,
Não só enquanto Natal, ou hora de oração!

A vida que é passagem, porquê não ser vivida
Por todos e para todos em constante 
Estrela guia premiando natureza abençoada!

VII

Estrela guia premiando natureza abençoada,
A luz lá bem ao cimo do pinheiro,
Porque é Natal em todo o mundo, alvorada
De bolas coloridas espelhadas em dia caseiro.

A quadra natalícia que tem o Dezembro 
Na azáfama de eventos e vislumbre de montras,
Tantas compras e há-de esquecer algum membro
Que vê na árvore o atrapalhado sem fitas!

À ceia não falta o tradicional bacalhau, 
As couves, o peru, as rabanadas, o fruto, 
Da época, mui doçuras e o bolo rei crucial.

À mesa portuguesa pão e vinho de atributo,
Tudo é escolhido a dedo para ser memorável,
Há calor para além do da lareira e mais afável.

VIII

Há calor para além do da lareira e mais afável,
Que aquece o Dezembro e faz dele especial -
O humano - que afirma o laçarote sociável
Num ato carinhoso, solidário, porque é Natal.

Tudo é sentido como Natal, de bom grado,
Vale a pena viver a época com intensidade,
Lembrando sempre que há outro mundo
Que nada tem, porque é felicidade.

O Natal é um tempo, de amor, paz e união
Que se vive de plena harmonia 
Com a consciência e um bom coração.

Há magia, vale a pena estender ao novo ano
O encanto, semeando entrelinhas de poesia,
Que vai chegar a todo o ser humano.

IX

Que vai chegar a todo o ser humano
Porque somos Natal todo ano!
É esse o espírito que devemos criar
Para que o mundo possa sempre amar.

A família reunida, em torno de uma tradição, 
A celebração do nascimento do Salvador,
O centro do universo, que vê amor
Em todos, o que escrevo de alma e coração.

Ah, que meu verso dê todo sentido à secular
Quadra trazendo muita alegria à humanidade 
Hoje e sempre e pela lágrima saudade!

Ah, sonho o mundo, que desejo meu e teu,
Que o Pai de Natal não conseguirá carregar,
Ainda assim, sonho o mundo meu e teu!

X

Ainda assim, sonho o mundo meu e teu,
Tenho esperança, há que reaprender a acreditar
Na longa barba do Pai de Natal, que eu
E tu à chaminé víamos, num enorme dar.

Alegria que havia e há sempre que, se acreditar
Na magia do tempo e no efeito que a gente tem
Quando pensa plural no Natal, viver a dar
Mão pela mão dedilhando o verso do bem.

Neste meu ver celebro o nascimento do Menino,
Presenteando-o com o que há de mais sagrado,
Não lhe dou mirra, incenso ou ouro este ano;

Dou uma porção de amor, a partilhar ao mundo,
Que baste para solidificar laços e firmar a paz,
Todos queremos, eu trago em meu cabaz.

XI

Todos queremos, eu trago em meu cabaz
Para dar a todos de coração: saúde,
Prosperidade, amor, alegria, paz,
Esperança, amizade - felicidade.

Que meu desejo assim se concretize aqui
Para que possamos ainda desfrutar 
A maravilha que é viver! Foi tudo o que pedi,
Pró Natal, pois, desejo muito amar.

Que as crianças cresçam, num mundo são,
Com o direito de serem meninos de ninho,
 A brincar e viver o Natal com sapatinho;

A mão cheia de doçuras e beijinho
Sempre, a vida não é só um dia (vinte cinco), não,
A vida é dias a fio, todos precisam de carinho.

XII

A vida é dias a fio, todos precisam de carinho
Principalmente os que nada resta de uma tragédia; 
A vida às vezes prega as suas partidas, ficar sozinho,
E velho para reerguer o que desfez um dia.

Ah, Cristo alumiai este reino para que haja solução
Para as gentes que andam no mundo sem norte,
Que jamais é Natal, partiu com o coração
De uma vida a trabalho e sem sorte!

Que haja justiça por uma lei que abarque todos
Que todos sejam gente de dever e direito
Para que a balança equilibre os pesos todos.

Que o espírito de Natal entre pelo ano
Novo, e com vontade para ficar ao peito,
Com firmeza para dar um mundo sano.

XIII

Com firmeza para dar um mundo sano
Cantam vozes "Natal" a canção mais linda
Que a história tem e que é mui bem-vinda
No tempo e especialmente este ano,

Ano de seca que pressagia mau tempo.
Cristo traz chuva e nela pouca tempestade,
Para sentir-mos prazer no nosso tempo,
 Água e alimento em boa quantidade.

Os três réis magos, Melchior, Gaspar, Baltasar,
Enviaram mensagem a dizer que vêm a caminho,
À luz da estrela chegarão cedinho

Ao casebre de onde estão José ao lado
De Maria e do berço de palha acolchoado
 Que a vinte cinco vai ter o Menino no lugar.

XIV

 Que a vinte cinco vai ter o Menino no lugar,
Tudo encaminhando pró Natal
Pelo mundo e também em Portugal,
Tudo a compor, pois, Jesus está em todo lugar.

Todos hão-de ter um presente por instinto,
Poema que escrevo em letra serena,
Não porque é Natal, mas, porque o sinto
De alma e coração e em cor morena.

Divino o que tenho à mão, certamente
 Romã, de uma era de toda a semente,
Que vou articulando uma a uma para dar

À quadra natalícia o dom de amar
De alma e coração tal meu sentimento.
Grata sou por ter no caminho tão belo momento.

XV

Grata sou por ter no caminho tão belo momento
Que me navega por mares jamais pensados
E traz outras histórias do acontecimento
Memorável e gente de mundos desejados.

Assim escrevo de vós e para vós a canção 
"Natal", que reinará em todos os lares,
Brindando a um ano novo de ascensão,
Singela flor - estrela dos amores

Iluminando, o meu/ vosso canto, adorando 
O Menino Jesus que, em manjedoura nasceu,
De sina em cruz, viveu para salvar o mundo.

Ah, poderá haver situação mais trágica, 
(Humilhação/ violência) que a que Deus viveu!
A quadra de Natal é época mágica.

© Ró Mar

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

... QUE VENERO FLOR QUERIDA




FLORBELA ESPANCA


8 de Dezembro de 1894 - 8 de Dezembro de 1930


Singela Homenagem à Querida Poetisa Florbela Espanca


... QUE VENERO FLOR QUERIDA


Ah, Flor menina, Flor mulher, quão Bela!
A poesia que germina, doces lábios
Em laivos de amor, que adorna a janela
Do universo de magia pelos ventos sábios.

Ah, Bela, Flor eterna de um só amar!
A poesia que enaltece pela alma de olhar 
Gentil, sublime soneto que exalta 
O amor pelo formoso mar aeronauta.

Bordando a tristeza em perene verso,
Dilatando a saudade pelo veludo, 
Desenhando violetas a ouro berço.

Amor eterno que contempla a vida,
Iluminando a escrita, cantando
Harmonia, que venero Flor Querida.

© Ró Mar

2017/12/08


FLORBELA ESPANCA - "AMAR!"




Amar!


Eu quero amar, amar perdidamente! 
Amar só por amar: Aqui... além... 
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente... 
Amar! Amar! E não amar ninguém! 

Recordar? Esquecer? Indiferente!... 
Prender ou desprender? É mal? É bem? 
Quem disser que se pode amar alguém 
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida: 
É preciso cantá-la assim florida, 
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! 

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada 
Que seja a minha noite uma alvorada, 
Que me saiba perder... pra me encontrar... 

Florbela Espanca, in Charneca em Flor



quinta-feira, 2 de novembro de 2017

PASSEAR...


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PASSEAR...


Passear ao ar livre traz outro sabor
De natureza para dentro do coração
E a alma respira todo aquele amor
Que tem dentro e faz dele uma canção.

Canção que embala milha de um universo.
Passo ante passo lá anda ela de verso em verso
Passeando pelo ar de um outro sabor
Que tem dentro da mente e expira o ardor.

Ardor de uma paixão que não tem mais espaço
Dentro do poema que passeia passo ante passo
O tempo que encolheu à memória de um olhar.

Olhar que espreguiça passo ante passo
Dentro da natureza que a tem num abraço
Dentro do coração e a leva a passear par a par.

© Ró Mar

DESPERTOU O OUTONO




DESPERTOU O OUTONO


Arrefeceu a noite, é o Outono
Cumprindo, finalmente, o seu dever...
Era já tempo de ele arrefecer,
P'ra poder o Verão dormir seu sono.

A natureza, a seu bel prazer,
Deixou as leis da vida ao abandono,
Sem uma direcção, sem rei nem dono,
Sem soluções para retroceder...

Alguém ou algo decidiu tomar
As rédeas do destino desgarrado
E devolver a vida ao seu lugar.

Se foi um deus, a sorte ou foi ditado
Pelo destino, para nos testar,
Graças a um dos três, é já passado! 

Carlos Fragata

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

MURMÚRIOS




MURMÚRIOS


Cruzam-se olhares, percebem-se desejos…
Afloram pensamentos indiscretos...
No ar pairam canções, sonhos, afectos,
Entre loucas sensuais trocas de beijos…

Relembram-se romances incompletos,
Nos arquivos da mente, nos lampejos,
De momentos sisudos e gracejos,
Ou suspiros recônditos secretos!

Por entre a multidão em movimento,
Há mistos de alegria e de lamento,
Que ficam no silêncio mais atroz!

O amor, a felicidade ou a desgraça,
Misturam-se nas vidas de quem passa,
Pela estrada da vida tão veloz!...

J.M. Cabrita Neves

terça-feira, 24 de outubro de 2017

EU TE SONHO


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EU TE SONHO


Escrevo apenas umas letras miúdas
Para que escutes baixinho as badaladas
De menino que te quer com carinho,
Te deseja em silêncio. Eu te sonho.

O vento sereno e teu amanhecer
Em minha letra é dia inteiro para amar
Outras tais letras miúdas florescer
E à noitinha de novo te abraçar.

Menina de olho azul e cabelo ouro sedento.
Cores que invento quando ouso escrever
Em letras miúdas tão grande sentimento.

O sol ilustra a única página que vai aparecer,
Imagem branda que com carinho componho.
Escuta baixinho menina: Eu te sonho.

© Ró Mar 

SERENATA




SERENATA


Vou cantar-te esta noite à luz da lua,
Uma canção que fiz só para nós!
Fala de amor, de quando estamos sós,
E de nós de mãos dadas pela rua…

Nos versos te pintei e te dei voz!
Nos versos te despi e deixei nua!
Numa história de amor, que é minha e tua,
Em ti o meu poema se compôs!

Abre o teu peito amor, vem à janela!
A noite é de luar, serena e bela…
Mostra-me esse sorriso de gaiata!

Escuta ao som de guitarras e de banjos,
Como vindas do céu em vozes de anjos,
Só para ti a minha serenata!...

J.M. Cabrita Neves

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

DE UM AZUL QUE AMOU O MUNDO




DE UM AZUL QUE AMOU O MUNDO


Quem te compôs em flor
Foi de certeza o amor
De um beijo enamorado,
De um olhar tão azulado

Quanto um céu pré-estrelado;
Quem te amou tão intenso
Foi de certeza amado;
E, assim sente-se o incenso

Que perfuma outros dias
De um olor tão profundo
Quanto o mar que sorrias;

Quem te leu os traços da alma
Foi de certeza a calma
De um azul que amou o mundo.

© RÓ MAR

terça-feira, 10 de outubro de 2017

MEU CORAÇÃO




MEU CORAÇÃO


Este meu coração tão desgastado,
cansado de sofrer de noite e dia,
anseia por amar e ser amado,
não quer mais a saudade que refreia.

Este meu coração desesperado,
vive longe de ti sem alegria,
perdido num marasmo, desolado,
morrendo de sarcasmo e agonia.

Guardo a tua imagem no meu peito,
e sofro a cada hora do meu jeito,
querendo o teu corpo junto ao meu.

Eu não sei, quantos dias vão passar,
sem a doce ternura desse olhar,
sem alcançar na terra o meu céu?

Abílio Ferradeira de Brito

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

REINCIDÊNCIA




REINCIDÊNCIA


Em viagem onírica no espaço,
Mundos novos contigo descobrindo,
Mergulhei nos teus olhos que, sorrindo,
Me fizeram pousar no teu regaço...

Beijando a terra fértil, vou subindo
Sem que a mente perceba o que faço...
Sem vergonha, pudor, ou embaraço,
Minhas mãos p'lo teu corpo vão fluindo.

Olhos nos olhos rimos, divertidos,
Cientes do pecado cometido,
Envoltos no poema dos sentidos!

Do pecado não estou arrependido,
Voltamos a pecar e, atrevidos,
Criamos um poema repetido!...

Carlos Fragata

O QUE SENTES AQUANDO O SOL TE DÁ MAIS UM DIA!?


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O QUE SENTES AQUANDO O SOL
TE DÁ MAIS UM DIA!?


Deixa que a noite caia em si,
Pelo teu silêncio profundo,
Observa de longe o que vem a ti
Sem que nada reveles ao mundo.

Deixa que a madrugada brote por si,
Pelo teu olhar profundo,
Observa de longe o que vem a ti
Sem que nada inventes ao mundo.

Deixa que o pôr-do sol ilumine o dia,
Pelo teu corpo adentro, que tão treme,
Observa de perto o reflexo que em ti radia.

Deixa que a vida te leve, pelo seu leme,
Aos confins do universo e depois diz-me
O que sentes aquando o sol te dá mais um dia!?

© Ró Mar

domingo, 8 de outubro de 2017

AMOR SUBLIME




AMOR SUBLIME


Amor doce anseio, afinidade,
Sumblime sentimento, euforia,
vestido de beleza e de alegria
Que sempre nos conduz à f'licidade.

E porque é irmão gémeo da saudade,
Vivem em sintonia, mas porém,
Só pode um ‘star aqui, o outro além,
Pois ambos são a mesma realidade.

Quem tem amor, tem laivos de loucura
E ao beber dessa fonte de ternura 
Faz vibrar bem mais forte o coração.

Ninguém será feliz sem ser amado
E nesse sonho, idílio encantado,
Sentir a doce chama da paixão.

Abílio Ferradeira de Brito 

UMA EM MIL





UMA EM MIL


Nas voltas que o destino preparou,
Foram mil que meus olhos conheceram,
Mas todas nos outonos pereceram
E só a tua imagem me ficou.

Amores que no tempo se perderam,
Nevoeiros que a vida dissipou,
Tudo passei para estar onde estou,
Dando amor que nem todas mereceram.

Valeu a pena o coração magoado...
Todos os erros eu repetiria
Para te ter p’ra sempre ao meu lado.

O riso que sonhei ouvir um dia,
O brilho desse olhar apaixonado,
Tudo morava em ti... e eu sabia!...

Carlos Fragata

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O CORAÇÃO TEM SEMPRE A PORTA ABERTA


Imagem - Zzig.comunidade


O CORAÇÃO TEM SEMPRE A PORTA ABERTA


O coração tem sempre a porta aberta
Para tudo que o faz ser mais feliz, o ar
Puro da natureza e todo o verde desperta
Pelo seu caminho um outro dia para amar.

É novo tudo o que ainda tem a viver,
O que lhe dá energia para outro começo,
O dia tem momentos que o fazem ver
Noutra perspetiva de algum sucesso.

Todo o universo o ama incondicionalmente,
Pois ele, é figura pequena e autêntica,
Tem a expressão do que nunca mente.

A vida tem muitas vias mas há uma única 
Mais feliz, a constante procura e oferta,
O coração tem sempre a porta aberta.

© RÓ MAR

domingo, 1 de outubro de 2017

A PRIMAVERA DE OUTONO


Imagem - SAi$ON


A PRIMAVERA DE OUTONO


A primavera de outono tem folhas 
Coloridas e muitas outras vidas;
Natureza que pinto e tu desfolhas
Desnovelando pétalas recônditas.

Dançamos ao som de um vento meloso,
Os frutos de outras épocas, colhemos 
O olor de uma estação de tempo milagroso
E vivemos o que sempre sonhámos.

O outono vai baloiçando entre o céu
E a terra e o sol põe as meninas ao léu;
Olhando-nos de frente e pelo presente,

Observando o que pinto e tu desfolhas,
Abre-se a outro verão em mil e uma folhas:
A primavera de outono que a gente sente.

© RÓ MAR

sábado, 23 de setembro de 2017

SETE SEGREDOS




SETE SEGREDOS 


Insone, de passagem pelo sonho,
abro o leque dos sete segredos
e solto-os pelos vãos dos dedos
nos versos que sempre componho.

Se não sei agora onde os ponho,
não é somente por serem medos,
mas por causa de certos enredos
aos quais eu sempre me oponho.

Medonho é quedar assim ausente,
doente, a alma cheia de memória:
o passado enroscado no presente.

Ah! É justamente a tua ausência
que me afeta a vida (e a história)
e me põe aos pés desta demência.

Silvia Regina Costa Lima

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

MEU CORAÇÃO PELO VENTO A VERBO AMAR


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MEU CORAÇÃO PELO VENTO A VERBO AMAR


Gosto do suave fresco das manhãs e seu brio
Dos passarinhos a cantar e seus ninhos,
Do verde-níveo das águas que fluem o rio,
Das gentes simples e com muitos sonhos;

Gosto de tudo que é ou faz por ser natureza,
Da vida e toda a genuína beleza,
Dos cheiros e da terra que também é minha,
Dos sentidos apurados, sorte minha!

Gosto de um beijo ou abraço pelo azul luar,
Sentir a pureza perpétuando amizades e amar,
Sem preconceitos, qualquer e todo o universo.

Gosto de escrever em jeito de verso,
Sentir a alma fluir e poder partilhar
Meu coração pelo vento a verbo amar.

© Ró Mar

MUNDO PEQUENO




Mundo pequeno


O nosso mundo, amor, ficou pequeno,
não cabe nossos sonhos, como outrora,
pois cada qual aos poucos se evapora
e tu nem vês o quanto sofro, peno.

Ficou estreito... Não, não te condeno.
Julgar-te não me cabe, mesmo agora,
que partes sem me olhar - e tudo chora -
sem degustar o vinho teu, chileno.

O que fazer, amor, de cada sonho
que tempo atrás nós dois sonhamos juntos?
Hão de morrer, por certo, pouco a pouco.

E nestes versos – que por ti componho –
hão de ficar, em meio a mais assuntos,
sinais de nosso amor, imenso e louco.

A PARTILHA DO POETA




A PARTILHA DO POETA


Não me pertencem mais os pensamentos,
Que partilho nos meus pobres sonetos!
Deixam de ser só meus, de ser secretos,
Essas partes de mim, esses fragmentos…

Há palavras que sangram meus afectos!
Outras falam de orvalhos e relentos…
De dias soalheiros ou cinzentos,
Ou de fantasmas, sombras e esqueletos…

São emoções relâmpagos da mente!
Rios de angústia presa na corrente,
De mágoas desaguando junto à foz…

São as prisões, amarras e grilhetas,
Que habitam a existência dos poetas,
Até que os sentimentos ganhem voz!...

José Manuel Cabrita Neves

domingo, 10 de setembro de 2017

DESCREVE-SE A SAUDADE QUE TEM NOSSA PRAIA


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DESCREVE-SE A SAUDADE QUE TEM NOSSA PRAIA


A nossa praia é mundo mais que distante
Ainda assim é-me tão rente ao coração.
Sabe-me a deserto de um tempo errante
Onde o mar é-me espuma de paixão.

Lá, ao longe, brilham as ondas de amor
Que naufragam pelo tejo de uma canção;
Agita-se a vontade de ir ao encontro do autor
Porém a tempestade impera pela região.

A nossa praia é areal pleno de magia que avulto.
Tropeço-me pela frieza de um tempo revolto,
Arrefece-me a grafia pela solitude mor,

E, quedo rente à íngreme escadaria da poesia;
Solta-se a letra enraizada de um grande amor,
Descreve-se a saudade que tem nossa praia.

© Ró Mar

“LUAR DE AGOSTO”


Pintura de Claude Monet


“LUAR DE AGOSTO”


Vamos à floresta, amor, vamos ouvir as fontes,
A borbulharem na planície lá daqueles montes;
Os ramos de folhas das árvores estão vergados,
Para abrigarem do sol, a frescura dos relvados!

Entrega os doces lábios aos meus, sequiosos,
E esquecidos na harmonia bucólica dos prados;
Sonharemos pelas fontes solitárias, embalados 
Da brisa adormecente, os sonhos mais ditosos!

Estaremos só os dois. Cairão nos teus cabelos
As trémulas flores das tílias formando novelos!
Cheia pelas fontes, e com nenúfares amarelos,

Numa lagoa azul, ondulante em baloiços singelos,
Estará a flutuar um frágil barco, à nossa espera,
Onde, sob a magia do luar, nascerá a Primavera!

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

APENAS TU




APENAS TU


Foram tantas as mãos que me tocaram
E tantos os sorrisos que me deram...
Mas toques e sorrisos mais não eram
Do que armas com que me atraiçoaram!...

Apenas os teus olhos entenderam
O que os meus, desejosos, imploraram,
Apenas tuas mãos recuperaram
Os sentidos que em tempos se perderam...

Por nada trocaria o teu sorriso,
O teu olhar feliz, apaixonado,
Que me oferece a força que preciso.

Saber que tu existes ao meu lado
Torna mais firme até o chão que piso,
Faz-me sentir p’lo Céu abençoado!

Carlos Fragata

QUE O TEU SORRISO NUNCA SE APAGUE MINHA FLOR!


Imagem - Bellissime Immagini


QUE O TEU SORRISO NUNCA SE APAGUE MINHA FLOR!


Que o teu sorriso nunca se apague minha flor,
Pois enquanto isso, és olor primavil e grã amor
Que tenho bem guardado em todo meu ser,
Por enquanto silente, que um dia o possa dizer!

Tens a juvealidade pelos lábios estampada
E a plenitude de grã ser vidrada pelo olhar
Tuas mãos são arte tecida e adamascada,
Adivinho-te mulher prendada, que posso confiar!

És a mais fermosa e singela flor da natureza
E princesa por mim tão amada que de certeza
Nada fará o ser mais feliz que ver brilhar o dia

Pela luz de teus olhos, sentir alegria pelo dia
Resplandecendo a vida, enquanto caligrafia!
Que o teu sorriso nunca se apague minha flor!

© Ró Mar

EU SOU AQUELA




Eu sou aquela


Eu sou aquela que driblou a própria sorte
que se encontrou sem nunca andar de si perdida,
a que estancou o sangue fluido da ferida,
que a superou sem nunca ter qualquer suporte.

Eu sou aquela que enganou a própria morte,
a que voltou de seus umbrais, buscou saída,
a que venceu depois de andar demais vencida,
e renasceu do pó das cinzas livre e forte.

Porém se eu não driblasse a sorte o que seria
de mim? De meu viver? De minha travessia?
Talvez a sombra de quem sou, ou mesmo nada.

Exatamente por ser frágil – eu assumo –
persigo sempre, sem cessar, o norte, rumo,
cabeça erguida, erguida sempre a minha espada.