quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A PARTILHA DO POETA




A PARTILHA DO POETA


Não me pertencem mais os pensamentos,
Que partilho nos meus pobres sonetos!
Deixam de ser só meus, de ser secretos,
Essas partes de mim, esses fragmentos…

Há palavras que sangram meus afectos!
Outras falam de orvalhos e relentos…
De dias soalheiros ou cinzentos,
Ou de fantasmas, sombras e esqueletos…

São emoções relâmpagos da mente!
Rios de angústia presa na corrente,
De mágoas desaguando junto à foz…

São as prisões, amarras e grilhetas,
Que habitam a existência dos poetas,
Até que os sentimentos ganhem voz!...

José Manuel Cabrita Neves