A DOÇURA DA VELHICE
Bateu-me à porta o frio do vento agreste,
Tentando entrar nas frestas das ombreiras,
Que hoje são podres sobras das madeiras,
Filhas de algum pinheiro, algum cipreste…
Tudo envelhece ao tempo sem fronteiras,
Por mais que se não queira ou se proteste,
Sempre que tal sinal se manifeste,
É de arrumar-se as botas e as chuteiras…
Cabelo branco, rugas, reumatismo,
Lembranças do passado, saudosismo,
Mostram que a caminhada chega ao fim!
Do Outono da vida ao frio inverno,
É-se mais paz, concórdia, amor fraterno!
É-se menos urtiga e mais jasmim!...
© JM Cabrita Neves