segunda-feira, 17 de novembro de 2014

BRISA DE AMOR




Brisa de amor


No fundo do vale gelado contrito,
O ar que deleita sufoca no chão,
Então vem o sol, poderoso, erudito,
A brisa ele forma beijando o costão.

E flui nas encostas na forma de vento,
Enxuga as goteiras da lágrima triste,
Lavando a tristeza e o velho lamento,
E a noite retorna c’a pena enriste.

O sol que se deita no dorso da vida,
E dorme sereno a sonhar c’guarida,
Do beijo da brisa que espera o calor,

Refém da esperança resgata o sorriso,
E o tempo do tempo esperar é preciso,
E assim concretiza o fascínio do amor!

Elair Cabral

A NATUREZA EM FESTA


Pintura - Van Gogh 


“A NATUREZA EM FESTA”


No meio de uma alegre e verde floresta,
Passarinhos chilreavam, melros trilavam,
O vento dançava com árvores em festa
E as folhas no seu ritmo acompanhavam!

Em baixo um lago, espelho da Natureza
Refletia aos pares as flores de girassol,
Que pessoas dizem ser um grande amor:
Porque passam os dias virados para o sol

Sempre em atração, sem sentirem calor;
O sol nesse dia exibia uma grande beleza,
Irradiando alegria, doirando o panorama!

A festa foi noite dentro. A Natureza ama
Festejar o seu aniversário, com a sereia,
E com o som dos belos búzios da areia!

Alfredo Costa Pereira

RUBROS ROSEIRAIS…

 

RUBROS ROSEIRAIS…


Rubros roseirais! Em meu pobre peito!…
Pendendo... Mil rosas coradas, loucas!…
Seus perfumes exalados alto! Feito…
Mar de fogo, abrasando. Doidas bocas!...

- Quão frágil e bela, sois! Flor Amada!...
Eterna cor que esvai a noite calma...
Tão forte!... Em silêncio, devotada,
Ajoelha e reza aos pés da Minh ´alma!…

Riachos de luz vazando, claramente…
Serenos lagos floridos da mente,
Acendem a noite… encerram o dia...

Dos Céus, esclarecida a luz do Homem,
Enquanto todos os astros dormem,
Rasga a Estrela que cai de Poesia!...

Helena Martins

FLORES SILVESTRES




FLORES SILVESTRES


Matizado em tons multicolores,
Se estende deslumbrado o meu olhar,
Ao ver pelos campos fora o ondular,
Gerado pelo vento sobre as flores…

E neste colorido, imenso mar!
A Natureza mostra seus esplendores,
A inspirar a arte dos pintores,
Que sabem a beleza eternizar!...

São silvestres, as flores deste poema,
Sujeitas à dificuldade extrema,
Duma sobrevivência natural…

Entregues a si próprias, à nascença,
Sonham ter num jardim uma presença,
Onde nada e ninguém lhes faça mal…

José Manuel Cabrita Neves

terça-feira, 4 de novembro de 2014

O TEU CORPO MEU FLORAL


“ O TEU CORPO MEU FLORAL “


Eu quero plantar rosas nos teu seios,
Beijar todo o teu corpo sensual,
Colher goivos e lírios no teu meio,
Fazer desse teu corpo o meu floral.

Camélias e acácias de medeio,
No espaço do teu espaço divinal,
Tomar-te minha amada sem receio
Numa entrega de amor excecional.

Os cravos dos teus dedos eu tomar,
Teus brancos malmequeres desfolhar,
Sentir a f’licidade a efervescer.

Beijar essas papoilas dos teus olhos,
Esquecer o que foi vida escolhos,
Viver para te amar até morrer.

Abílio Ferradeira de Brito

NAMORANDO


“NAMORANDO”


Depois de um beijo no orvalho da manhã
Começaste a correr por todo o vale amor,
Com o teu suave volátil perfume de flor
Que a aragem leva e só o traz amanhã!

Lá se foi o teu belo aroma: perdi-o voou!
Não há frinchas nos muros nem no chão;
Pelas portas também o olor não passou,
E por cima de certeza que também não!

E foi para que o meu desejo te persiga,
Que te puseste a correr e a rir, rainha,
Pelos campos onde o loiro trigo espiga,
E onde verdeja alegremente a vinha!

Mas corre, corre por todo o vale em flor
Sobe aos pulos e às risadas a colina bela
Porque eu serei o caçador, e tu a gazela.

E depois, quando ficares bem cansada amor
Vou-te alcançar minha querida, amiga minha,
E ficarás em mim enlaçada minha rainha!

Alfredo Costa Pereira

sábado, 1 de novembro de 2014

ALJÔFARES DO MEU OLHAR JORRANDO...

 

Aljôfares do meu olhar jorrando...


Aljôfares do meu olhar jorrando…
Ó tristes pérolas luzindo a calma!…
Gota a gota, mil rubis pingando...
O doce brilho estarrecido - a alma!…


Entes jubilados... luares e véus... 
Vertendo! Débeis bocas de cetim...
Ó sons de flauta!… Mil anjos, enfim…
Descei!... ó mundo! tocai os Céus!…

Luzeiro etéreo vasto cosmo vaza…
Meu espírito esvaído, alado à asa,
Sobrevoará alto feito condor!...

Vivo e eterno como bola de cristal,
Brilhará no seio da verdade, tal…
Embora que seja tão fina a dor!...

Helena Martins

NOVA… MENTE…


NOVA… MENTE…


Eu quis ser a virtude, a perfeição…
Ser a sinceridade nua e crua,
E não o preconceito que atenua
E cerceia a verdade e a razão…

Eu quis ser uma voz que não pactua,
Com acto prepotente e submissão!
Nem com o amordaçar duma prisão,
Que a revolta interior mais acentua!...

Mas uma voz sozinha não é nada!
No meio da multidão fica abafada,
A remoer silêncios de emoção…

É preciso educar novos conceitos,
Separar qualidades dos defeitos,
Para enfim renascer outra nação!...

José Manuel Cabrita Neves