quarta-feira, 4 de maio de 2016

TUDO PASSA




Tudo passa


Tristeza... rio turvo em pleno estio
cortando o vale d’alma enlanguescida,
que andeja ao léu, sem rumo, sem guarida,
ferida e presa ao corpo por um fio.

E segue adiante e corre na descida,
formando lago fundo no baixio,
onde se escuta, da coruja, o pio,
tão lúgubre que não se esquece, olvida.

Águas sombrias, tenebrosas águas,
escuras, bem mais turvas do que as mágoas
que escapam pelos olhos inundados.

Mas tudo passa! O rio encontra o mar
onde se perde, sempre a se escumar,
nos véus das verdes vagas, rendilhados.

Edir Pina de Barros