sexta-feira, 19 de junho de 2015

AS NOSSAS HORAS NÃO TIVERAM FIM


Aguarela de Pia Erlandsson 


“AS NOSSAS HORAS NÃO TIVERAM FIM”


Enternecido, o silêncio enche de doçura
As escarpas duras dos montes. E o vale 
Ao fundo, quieto, adormeceu na natura
Em grande mansidão. Pedes que me cale.

Esvaneceram-se no espaço as inquietações
Da luz. Já não é azul o céu dos recados:
Foram sumindo num arrepio claro de ilusões, 
As planícies nuas da terra e os ondulados 

Fofos das colinas. Surge daqui a pouco 
O luar. Pleno, deu o recorte nítido à rosa 
Debruçada no fio delicado da roseira; irá 

Até ao seixo, no fundo do regato! E louco, 
Há-de rebrilhar como uma pedra preciosa, 
Até as nossas horas não terem fim! Quiçá?

Alfredo Costa Pereira