Aguarela de Pia Erlandsson
“AS NOSSAS HORAS NÃO TIVERAM FIM”
Enternecido, o silêncio enche de doçura
As escarpas duras dos montes. E o vale
Ao fundo, quieto, adormeceu na natura
Em grande mansidão. Pedes que me cale.
Esvaneceram-se no espaço as inquietações
Da luz. Já não é azul o céu dos recados:
Foram sumindo num arrepio claro de ilusões,
As planícies nuas da terra e os ondulados
Fofos das colinas. Surge daqui a pouco
O luar. Pleno, deu o recorte nítido à rosa
Debruçada no fio delicado da roseira; irá
Até ao seixo, no fundo do regato! E louco,
Há-de rebrilhar como uma pedra preciosa,
Até as nossas horas não terem fim! Quiçá?
Alfredo Costa Pereira