segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O SONHO DO SONETO





    O SONHO DO SONETO


    Sonhei-me numa ponte sem saída 
    Rodeada pela terra e pelo mar 
    Com um horizonte para desbravar 
    E uma alma imensa muito retraída. 

    Ingénuo peregrino de partida 
    No tremular da luz a despertar 
    Pressenti minhas asas fraquejar 
    Neste destino exposto à minha vida. 

    Solicitei à musa o seu favor 
    E aos meus sentidos outras emoções 
    Destilando um prazer e um vigor. 

    Envolto na volúpia das paixões 
    Meus versos renasceram com fulgor 
    Fazendo-me acalmar as convulsões. 

    E eis-me aqui Soneto renovado 
    Num oceano com novas dimensões 
    E um outro poema agora sublimado! 

    Frassino Machado 

A FOLHA CAÍDA


A FOLHA CAÍDA


Eu sou aquela folha que tombou,
Ressequida e votada ao abandono,
Arrastada p’ los ventos do Outono,
Para longe da vida que habitou…

No chão ao frio e à chuva dorme o sono,
De quem já foi feliz, já vegetou!
Durante a curta vida em que abanou,
No ramo, entre o mês três e o mês nono…

Cada ser vivo é escravo da rotina,
Que a própria natureza lhe confina,
Tendo uma variante duração!

Mas no fundo, que importa se a vida,
É para alguns mais curta ou mais comprida?
Importante é vivê-la com emoção!...

José Manuel Cabrita Neves

domingo, 21 de setembro de 2014

PAZ E FELICIDADE


Imagem -  Bellissime Immagini


PAZ E FELICIDADE 


Paz e felicidade são cesta de alfazema 
Recheada a amor, fragrância natureza! 
O abraço mestre ao universo, gente d’alma, 
Uma caricia de sorriso, beleza! 

São atitude, espiga que fortalece 
O mundo, que tão circunscreve ‘esse’ 
Que todos querem e muitos sonham, 
Arco-íris, a todas as estações amam! 

No rosto, estampado de sete cores, 
O espectro solar, níveo coração, 
Habitat de mil emoções, amores! 

No regaço, mãos serenas d’uma criança 
Que traz pelo olhar verdes, esperança, 
Ventos que solfejam vidas, união! 

® RÓ MAR 

MIL GOTAS D' ALMA...


Mil gotas d´alma…


Vasto! Magno! mar em meu peito paira,
Cinzelando. Puros topázios em chama, 
Ardente. Ímpia maré, soltando. Rara…
Jóia azulando tão fina dor. Fama!

Ah! espirito iluminado, triste, pobre!
- Que inquieto! Astuto, devora, ama;
Fadário à sorte ansiada, nobre; 
No delicado céu, devoto, flama!

Mutismos prateados, bem de mansinho,
Correndo, correndo... devagarinho,
Silenciando os veios da noite. Calma!...

Sons de harpa tocada, levemente,
Fazem cair sem piedade, vivamente,
Carpidos a luares. Mil gotas d´alma!...

Helena Martins

SAUDOSA LÁGRIMA


SAUDOSA LÁGRIMA


De neve os meus cabelos branquearam…
De rugas o meu rosto encarquilhou…
O olhar de atento ler quase cegou,
As mãos outrora fortes fraquejaram!

O corpo musculado definhou…
As pernas, de andar, já se cansaram!
As doenças da idade já chegaram,
Quase não dei pelo tempo que passou…

Supondo que amanhã não existia,
De justas ambições fiz cada dia,
Tudo o que o meu querer enfim sonhou!...

Olho agora para trás me revivendo,
Sinto no rosto a pele umedecendo…
E uma saudosa lágrima rolou!

José Manuel Cabrita Neves

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

CHUVA DE SETEMBRO 2014


“ CHUVA DE SETEMBRO
2014”


Chora o vento na tapada
Debaixo de uma aguada,
Nos ramos dos pinheiros
Batidos pelos aguaceiros.

Chuva fria, como a neve
Que não bate ao de leve,
Batendo forte na vidraça,
Sem leveza e sem graça!

Destroem-se as culturas,
Uvas já sem as videiras
Retirando vida às feiras!

Assim foi este Setembro
Perderam-se agriculturas
Mais pareceu Novembro!

Alfredo Costa Pereira

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O TEMPO

O TEMPO



O tempo que não tem princípio e fim,
Assiste a ver passar cada segundo,
No carcomido banco de um jardim,
Olhando na distância o fim do mundo…

Deixou pelo caminho algo de mim,
Desse eu que em mim existe e em mim abundo…
Mistura de diabo e querubim,
Um pobre aristocrata vagabundo…

Passou por mim, nos sonhos de criança,
Que apenas foram sonhos, foram esperança!
De quem ingenuamente acreditou…

Deixou marcas nas mãos e no meu rosto!
Foi alegria, lágrima e desgosto…
Foi tempo desta vida que passou!

José Manuel Cabrita Neves

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

EM PURA HARMONIA COM O UNIVERSO!


Imagem - Bellissime Immagini


EM PURA HARMONIA COM O UNIVERSO!


Sinto meus lábios doces, amanhece!
Meu corpo é pena que voa e estremece
Ao abraço que minha alma sonha, sal
Que invade o ventre e eis a efusão colossal!

Quanto olho, quanto sinto, nada penso,
Possuída pelo mundo que é quão imenso
Levito a brandura a sereno mar
E equaciono o poente pelo largo olhar!

Sinto meu corpo ébrio de tal visão,
Mente fixa ao horizonte e eu em rotação!
Plácido vulcão que eclode à imaginação.

Quando olho nem olho, algo sobrepõe,
Quando beijo, nem beijo, algo compõe!
Labareda de um mar sonho, o sol põe.

® RÓ MAR

NO SILÊNCIO DA NOITE


NO SILÊNCIO DA NOITE


No silêncio da noite, em que me escuto
E ouço da minh’alma os seus lamentos,
Liberto minhas dores e sofrimentos,
D’onde a minha existência é o reduto!

Ouço o choro da falta de alimentos…
Ouço a bala que mata e traz o luto…
Ouço a voz da violência do ser bruto…
Ouço vítimas de actos violentos…

Com lágrimas escrevo este diário,
Sobre este mundo mau e ordinário,
Que se auto destrói e abomina!

E nesta escuridão que me conduz,
Vislumbro ao longe a chama duma luz,
Que sai raiando atrás de uma colina!...

José Manuel Cabrita Neves

sábado, 13 de setembro de 2014

HOMENAGEM A TODAS AS MÃES

 

“HOMENAGEM A TODAS AS MÃES”


Saboreando a Natureza num velho caminho,
Passei por um cruzeiro de pedra carcomida.
Parei, e li o que dizia: ”À minha Mãe querida”
Em letras rotundas, cinzeladas com carinho!

O quadro é pequeno, mas foi grande a ideia;
Ao nascer das madrugadas, no romper do dia
Lá se vão instalar os piscos e canta a cotovia,
Após o canto dos rouxinóis à luz da lua cheia!

Este cenário é simples, singelo e comovente,
E eu percebi agora, porque é que tanta gente
Se enternece e chora, diante deste Cruzeiro:

É porque, quem já não tem Mãe, queria tê-la;
E os que ainda a têm, não querem perdê-la.
As Mães são para os filhos o mundo inteiro!

Alfredo Costa Pereira

HÁ UM OUTONO A DESFRUTAR…!


Imagem - Open ArtGroup


HÁ UM OUTONO A DESFRUTAR…!


Há um Outono a desfrutar pela Avenida!
Árvores multicolores passeiam
Sua folhagem pelas pedras da calçada,
Que luzem aos candeeiros e encandeiam!

Há luz pela noite e uma chuva miudinha
Que pelo peito refrigera o calor
De corpos suados ente sombrinha!
Há azul pelo céu a espelhar faces de amor!

Há um Outono a desfrutar pela noite!
No traje do vento vêem-se umas estrelas,
Há arrepios a caminhar e é meia-noite!

Apagam-se as luzes e mergulham
Pelo ‘mar’ folheado, parece novelas!
O silêncio rompe ao som dos que amam!

® RÓ MAR

O MUNDO QUE EU SONHAVA


O MUNDO QUE EU SONHAVA


Desmoronou-se o mundo que eu sonhava,
Que era feito de afecto e de sorriso…
Que a Terra era ainda um Paraíso,
Onde a paz era plena, onde se amava!

Pra ser feliz, tem tudo o que é preciso,
O Homem, esse ser d’índole brava,
Que em lutas de poder se envolve e trava,
Revelando loucura e pouco siso!...

O mundo que eu sonhava era um jardim!
Mas a humanidade apodreceu,
O perfume das rosas e jasmim…

Foi aquela maçã que Adão roeu,
Também aquela luta Abel/Caim…
E a Evolução deu no que deu!...

José Manuel Cabrita Neves

QUANDO A ESTRELA-D’ALVA SURGE NA ALVORADA


“ QUANDO A ESTRELA-D’ALVA
SURGE NA ALVORADA”


Ao longe… um farol em costa acidentada,
Parece prender-nos com filtros de magia
Quando o mar está negro e a lua fugidia,
As histórias já antigas de tragédia passada.

Um farol é um róseo alvor da madrugada,
Quando o sol nascente vem trazer o dia;
É um hino à luz que vai acordar a cotovia,
Quando a estrela-d’alva vem à alvorada!

O meu farol és tu, amor, segura e calma,
Miragem deslumbrante da tua pura alma,
Mística visão da mulher que quero mais!

És o farol mais belo, com uma luz divinal,
Luzeiro criador de um sol só meu, pessoal;
És a luz do nosso amor, farol do meu cais!

Alfredo Costa Pereira

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

EU, TU E O MAR…


Imagem - Jean-Paul Avisse


EU, TU E O MAR… 


Quando não estás perto de mim fujo 
Para outro planeta, onde só há uma rosa 
Vermelha a ancorar meu porto marujo 
E ali fico, até o tempo voltar, em prosa. 

Encontro-me no aconchego de pétalas 
Que perfumam noites a laivos de um mar 
Que é nosso e perco-me por ali a adora-las, 
Remo até ao infinito de um recordar. 

Quando não estás perto de mim amo 
O universo que é tão nosso e respiro poesia 
Pelos ventos de outro planeta, meu bálsamo. 

Centelha pelo luar, leito de um amor 
Que adormece ao meu lado até ser dia. 
Eu, tu e o mar letra que desperta em flor. 

® RÓ MAR 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

UM CHORO DE AMOR FICOU CONTIDO


“UM CHORO DE AMOR 

FICOU CONTIDO”


Pedi-te um beijo, num dia.
Concedeste-mo, sorrindo;
Lá nos céus, Marte nascia,
E o luar singelo ia subindo!

A brisa leve refrescava o ar
Do rio, onde coaxavam rãs;
Ao longe, uma luz a navegar;
Eu trincava uma das maçãs.

Talvez, quem sabe? O amor 
Tivesse nessa noite nascido,
Ao depor um beijo em ti, flor!

Quando a outra maçã te dei
E no teu regaço a coloquei,
Um choro de amor ficou contido!

Alfredo Costa Pereira

AS HORTAS


AS HORTAS


Depois do sol raiar vem a secura,
Nas hortas de alimentos verdejando,
Que o hortelão à noite vai regando,
Dando-lhes p’la manhã nova frescura!

Os ralos e os grilos vão cantando,
Enquanto uma toupeira anda e perfura
A terra fresca em busca da verdura,
Bicho daninho, lindo mas nefando!...

Alfaces, couves, rábanos, pimentos,
Feijão verde, tomates e pepinos,
Alhos cebolas e outros condimentos,

Saem da terra e seguem seus destinos:
Matando a fome em pratos suculentos
E, sendo amostra, em restaurantes finos!...

José Manuel Cabrita Neves

domingo, 7 de setembro de 2014

OS TEUS LÁBIOS ME SORRIAM


“OS TEUS LÁBIOS ME SORRIAM”


Lembras-te? Vimos estrelas
Que cintilavam, que corriam
Detrás das nuvens tão belas!
E os teus lábios me sorriam…

Ignorando os astros do além
Entre os nossos lábios, amor,
Ardiam muitos beijos, porém,
Havia mais vida e mais vigor!

E logo percebi minha querida:
Dentro dos teus olhos divinos,
Há mais calor e mais guarida

Que nos astros pequeninos!
Mesmo ainda sem se saber
A brisa, beijava um novo ser!

Alfredo Costa Pereira

O TRONCO

 

O TRONCO


Goivas que se deliciaram gravando
Os nossos rostos em que o tempo era uno;
Que a luz pelo nosso olhar era mundo,
Os nossos poros resina de neptuno.

Fomos talha doirada de um momento
Que é tronco d’uma vida; que lamento
Não ser mais o tão amor daquele dia:
Que a terra era o nosso céu e nós magia.

As nossas peles eram lustre de folhas
Que magnetizavam o verde de campos;
Seiva impregnada na talha que olhas.

Que recorda que vivemos um dia
A mais linda história: os pirilampos
Pelo tronco imprimindo excelsa poesia.

® RÓ MAR

ASTROS D' OIRO...


Astros d´oiro…


Astros d´oiro acendem. Raios nos céus…
Abertos aos sois. Transladados corpos!...
Engenhos mil clarejando… mil breus,
Minha ´alma fogueada. Claros, adornos!...

Ah! Engenho d´arte, santa! Impérios
De luzeiros inteiros! fulgurantes!...
Em pântanos d´azul correndo. Egrégios!...
Que se elevam no alto… verdejante.

Majestade imperando. Nobres castelos…
Castas, de puras jóias e véus. D´elos,
Presos ao prateado anel de Saturno!...

Ávidas, almas, brotando. Doçura...
Pérolas d´amor - gotas de ternura…
Jubiladas neste mundo. Soturno!...

sábado, 6 de setembro de 2014

NUNCA MAIS ME SOLTAREI DE TI

 

“NUNCA MAIS ME SOLTAREI DE TI”


Sou pacífico e ao pé de ti eu triunfo,
Porque só assim é que tu descansas;
Dormes tal como as pombas brancas,
Junto dos cedros num pombal oculto.

Já vai longa nossa junta caminhada,
Começou no esplendor da madrugada. 
Mulher da minha vida, dos olhos meus;
Cruzaste o meu caminho, com os teus!

De ti eu fui sempre preso de amores
Em meus sonhos doces e tentadores,
E nunca fui capaz de me soltar de ti!

Tal como a abelha está para as flores,
Assim fiquei e estou desde que te vi;
Por isso nunca mais me soltarei de ti!

Alfredo Costa Pereira

SONHO COM UM MUNDO TÃO DIFERENTE!


Imagem - Bellissime Immagini


SONHO COM UM MUNDO 

TÃO DIFERENTE!


Sonho com um mundo tão diferente!
Não sei descrever o que sinto em mim;
Não sou diferente de outros, parente
Aos que sonham com arbustos jasmim!

Gostava que tais fossem também reais;
Não sei descrever, alguém saberia!
Seríamos tão iguais quanto os pedestais
Que passeiem minha alma de fantasia!

Sonho com um mundo tão diferente!
Gostava de acordar e sentir mãos
Em torno da terra que me é tão gente!

Gostava de saber dizer de coração
Que amar não é tão-somente tais versos;
Acordar vendo que a vida é multidão!

® RÓ MAR

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

NOSSA SEDE É LUME

 

“NOSSA SEDE É LUME”


Atravessei os mares. Temerário,
Subi serras, devassei campinas.
E fulgores de graças femininas
Vieram alumiar o meu itinerário!

Foi um florir de rosas purpurinas
Que calquei no caminho incerto,
Porque meu coração não liberto,
Tu, só tu, meu amor, o dominas!

O zelo de amor que eu te guardo
Faz com que sejas minha apenas,
Meu aroma de aloés e açucenas!

Guiado pelo rasto deste perfume
Tu sabes bem que me resguardo;
Sabemos que nossa sede é lume!

Alfredo Costa Pereira

HÁ MAIS ERVAS DANINHAS DO QUE TRIGO


HÁ MAIS ERVAS DANINHAS 

DO QUE TRIGO


Há mais ervas daninhas do que trigo!
Há mais gente maldosa que sincera!
Há mais realidade que quimera!
Há mais quem seja falso do que amigo!

Há mais quem haja a quente e não pondera…
Há mais quem não calcula ou mede o perigo!
Há mais quem faça crimes sem castigo!
Há mais quem não converse, vocifera…

Não se constrói a paz sobre a contenda…
Não se fazem jardins em terra agreste…
Não se faz a verdade sobre a lenda…

Quem não tem sentimentos, quem não preste,
Quem só pratique o mal e não entenda,
É como erva daninha, é uma peste!...

José Manuel Cabrita Neves

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A NOITE VEM CAINDO


“A NOITE VEM CAINDO”


Vem amor, encantam-me
Os caminhos de violetas!
O teu hálito embalsamado,
Trás todas as borboletas!

Aves noturnas no ocaso,
Invejosas, vão-nos espiar;
Mas as ninfas sem atraso,
Sorriem ao ver-nos passar!

Nenhum de nós é culpado
Dos montes darem acenos
Ao verem-nos lado a lado:

“Olhem como vão serenos!”
Querida, a noite vai caindo
E o teu cabelo está lindo!

Alfredo Costa Pereira

INFÂNCIA


INFÂNCIA


Ah! Pudesse eu voltar à minha infância!
Lar adorado, em quimeras tão distantes 
Lar, onde domiciliavam meus instantes
De bem-estar e imaginação em abundância…

Lar adorado quão longínqua é a distância
Que separou aqueles momentos fascinantes,
Vividos com inocência e tão emocionantes
Que jamais, os olvidarei querida infância…

Ai quem me dera ter outra vez cinco anos.
Viver sem inquietações e desenganos
Como se vivesse num reino encantado!

No meu peito ainda existem reflexos
Dos momentos encantados e perplexos
Em que eu brincava num reino fascinado!

Maria José Saraiva Gaspar Gonçalves

NUM DIA DE VINDIMAS

 

“NUM DIA DE VINDIMAS”


Nas vindimas desde o final de Agosto,
As abelhas zumbem numa boda aérea;
O sol está a cantar-te em cada artéria
E vai rosar a palidez do teu belo rosto;

O sol é um sublime pintor aguarelista;
E em teu elogio pintou desta maneira:
De âmbar negro a sombra da parreira;
Os cachos, tons de pedra de ametista;

E agora não sentes? O calor já aperta,
Porque vai alta a glória desta manhã;
Tenho minha boca seca e tão deserta!

Por mim, só quero uns bagos de romã
Vindos da tua boca amor, entreaberta,
Atenuando minha dor com essa oferta!

Alfredo Costa Pereira

AO VENTRE DO VENTO


Imagem - Bellissime Immagini 


AO VENTRE DO VENTO


Quando as letras se prendem na memória
E o olhar persiste em escrever uma página
Respira fundo e conta outra história,
A que é a viver sem linhas de rotina!

Quando não houver lapiseira a agendar
Vira a página da memória e escreve
O que observas, não tens outra história
Tão igual e que mais possas recordar!

Encerra o capítulo com teus lábios
E alada ao vento escreve novas páginas,
Pelas sílabas do olhar há verbos sábios!

Quando os olhos lacrimejarem segue
Ao ventre do vento e leva as meninas
A passear pela natureza que ergue!

® RÓ MAR

terça-feira, 2 de setembro de 2014

TEMPOS DE POBREZA NO MEIO DA RIQUEZA


“TEMPOS DE POBREZA

NO MEIO DA RIQUEZA”


No fim de um breve sonho,
Senti-me triste e presumo,
Voar, como trapo tristonho,
Floco de neve ou de fumo!

É que esta cidade maldita,
Consegue dançar de prazer
No meio de gente que tirita
E que nada tem para comer!

Ando até perto das cortinas.
Vejo a chuva cair na vidraça,
Em brincos de pedras finas.

Olho, frio, para quem passa;
E quantas vidas de mendigo, 
Vão à chuva, e sem abrigo!

Alfredo Costa Pereira

O SABOR DE SETEMBRO A RESPIRAR


Imagem - Autumn by Alphonse Mucha 


O SABOR DE SETEMBRO A RESPIRAR


Uma cesta no remate da varanda,
Uma mesa farta de uva moscatel;
O Estio impregnado ao Outono da vida
Que sorve lábios doseando-os a mel.

O vento fátuo e as folhas a tombar;
Virão noites, manhãs quão pequenas
E também grandes fórmulas de amar
Que trepam a vida em taças amenas.

Uma cesta no remate da varanda;
Uma mesa árida a vinho refinado;
O sabor divino ao néctar da vida.

O vento fátuo e as folhas a tombar;
Virão chuvas, quão novo mundo;
O sabor de Setembro a respirar.

® RÓ MAR