“NUM DIA DE VINDIMAS”
Nas vindimas desde o final de Agosto,
As abelhas zumbem numa boda aérea;
O sol está a cantar-te em cada artéria
E vai rosar a palidez do teu belo rosto;
O sol é um sublime pintor aguarelista;
E em teu elogio pintou desta maneira:
De âmbar negro a sombra da parreira;
Os cachos, tons de pedra de ametista;
E agora não sentes? O calor já aperta,
Porque vai alta a glória desta manhã;
Tenho minha boca seca e tão deserta!
Por mim, só quero uns bagos de romã
Vindos da tua boca amor, entreaberta,
Atenuando minha dor com essa oferta!
Alfredo Costa Pereira