domingo, 29 de junho de 2014

ENTRASTE NA MINHA ALMA


Pintura de Claude Monet


“ENTRASTE NA MINHA ALMA”


Minha querida, amor inteiro,
Figura de contínuo presente
Na minha fantasia e mente:
Ao acordar, acordo-te primeiro!

Só tu me alegras o dia inteiro.
Com os teus beijos, à dezena,
Entras na minha alma, amena,
Pões flores em verde canteiro!

Erguem-se no peito clamores,
Mal te avizinho e logo vens, 
Com os teus sorrisos, e flores.

Companheira das miragens,
Vem acalmar as minhas dores,
Na minha alma, põe o que tens!

Alfredo Costa Pereira

 

ÍRIS QUE PLANTARAM O AMOR


Imagem - Voyage au coeur de l'Art - Travel to the heart of the Art


ÍRIS QUE PLANTARAM O AMOR 


Deitei-me à madrugada do teu olhar 
Sonhei pelo almofadado do luar… 
Arco-íris e tais as constelações 
Que a noite semeou novos corações! 

Folheei estrelas, uma a uma, e li quanto amor 
Que o ventre amanheceu pelo seu louvor! 
Te percorri pela noite, alma minha, 
Te beijei à madrugada pelo que sonha. 

Embriagada ao magnânimo…que olhar! 
Li o que a tua boca não queria dizer 
E enleei-me à noite até ao amanhecer. 

Foram estrelas… de um quarto minguante; 
Tantos olhares de lua cheia! Semblante 
Lúdico, íris que plantaram o amor. 

® RÓ MAR 

CAIXA DE MEMÓRIAS


CAIXA DE MEMÓRIAS


Abri a minha caixa de memórias,
Cheia de pó no sótão esquecida…
Sorri ao recordar as velhas glórias!
Chorei lembrando as mágoas duma vida…

São fotos e papéis que contam histórias,
Com cheiro a madeira carcomida…
Imagens de odiosas palmatórias,
Dilacerando a frágil mão estendida…

Revivi alegrias e tristezas!
Efémeras paixões, doces momentos…
Lutas por ideais contra vilezas!

Vejo sair da caixa alguns fragmentos,
Dos dias esperançados d’incertezas,
Que a vida vai marcando em desalentos!...

José Manuel Cabrita Neves
 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

O TEU OLHAR É CINTILANTE


Pintura de Claude Monet


“O TEU OLHAR É CINTILANTE” 


Estrelas, pérolas dos céus: 
Quem alto vos aí colocou? 
E tanto brilho vos deixou, 
Que brilham os olhos meus! 

És mais bela que a aurora, 
E do que o céu, minha flor, 
Do que as estrelas lá fora, 
E do que a Lua, meu amor! 

E desde a primeira hora, 
Logo amei a tua figura, 
O teu olhar e semblante! 

Eu creio que foi a Natura 
Que as pôs no céu, outrora, 
Dando-te um olhar cintilante! 

Alfredo Costa Pereira 

AMAR...


Imagem - Bellissime Immagini


AMAR... 


Amar é o indeterminável verbo 
Que inicia no ‘Eu’ e fina sabe-se lá onde! 
Sabe-se que tem tempos definidos, verbo 
Que tem a raiz no coração e tudo pode. 

Toda a saudade, amizade e paixão são 
Sentires únicos que em recato cofre 
Se guardam, mas, não vejas o que sofre, 
Divide o que sobra, não à solidão. 

Amar é acto mor, louvável atitude 
Que alguém pode ter, é até soberbo 
O momento e sempre humilde verbo. 

Maravilhoso só é o que é de ‘verdade’, 
O que dilata o Universo e vê-se são 
A florescer pelo caule à Humanidade. 

® RÓ MAR 

domingo, 22 de junho de 2014

AMOR É TERNA E SUAVE MELODIA



Pintura de Richard S. Johnson


“AMOR É TERNA E SUAVE MELODIA”



Não há no mundo igual ventura
Da que eu estimo em seu valor:
Amar e ser amado com loucura,
Amado, até na mais penosa dor.

Jamais encontrei maior ternura
Da mulher que amo com fervor;
Naquele seu coração de doçura,
Naquele seu coração todo amor.

Amor é terna e suave melodia
Traz à minha alma tanta alegria,
E dá a meus lábios doçura tanta!

Querida! Teu nome é harmonia!
Belo quando a língua o pronuncia,
Mais ainda, quando a alma o canta!

Alfredo Costa Pereira

CRIANÇAS GENIAIS


Foto: sem nome génios


CRIANÇAS GENIAIS


Há mistérios ainda inexplicáveis,
Pondo à prova os avanços da ciência,
Vendo-se já com certa frequência,
Inteligências raras invejáveis…

Talentos naturais por excelência,
(Aos artistas adultos comparáveis),
Mostram capacidades inegáveis,
De quem nasce com arte e competência!...

Crianças, ar ingénuo, adoráveis,
Conquistando aplausos à assistência,
Pelos seus desempenhos memoráveis!

A genialidade e eficiência,
Mostram-se de tal forma impressionáveis,
Que parecem herdar outra vivência… 

José Manuel Cabrita Neves


DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA


Pintura de Renoir


DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA



Nas ondas, numa casquinha de noz,
A ser batida pela tempestade, a sós,
Andavam à deriva eu e a minha alma:
Quem nos acode? Quem nos salva?

Rolando sobre a onda encapelada,
A casquinha até ao céu era elevada,
Para de seguida, desde aí, ser atirada
Para o abismo fundo, sem ser travada!

Como fomos, alma minha e eu, marear
Neste mar odioso cheio de ferocidade
De penas e tempestade? Vamos gritar?

Espera: vez além luz na imensidade?
Pressinto agora um porto para sair;
Tesouro que só o amor pôde descobrir!

Alfredo Costa Pereira


RIO DE ROSAS


Imagem - Tutt'ART@ di Maria Laterza


RIO DE ROSAS 


Em ligeiros pigmentos de Rosa 
Pinto um Rio de ondas mui coloridas, 
Para deliciar o nosso Planeta 
De perfumes e mui maravilhas. 

Vejo o Tejo na jangada airosa 
D’um coração de largas e floridas 
Ideias, similar a uma ligeira silhueta, 
Perfeita e paradisíaca a mil-folhas. 

As pétalas do Rio que tanto amo, 
Leques de cores que se marinam 
Pel’alma e suspiram o ar que declamo. 

Quantas letras o são um pouco moucas 
E tanto que o são que se sussurram 
Pelos largos ventos de Rosas-loucas. 

® RÓ MAR 

sexta-feira, 20 de junho de 2014

NÃO TENS COMPARAÇÃO


Pintura de Vicente Romero Redondo


“NÃO TENS COMPARAÇÃO”


Á medida que o sol descia no Ocidente
No ocaso, fitamo-nos, mulher amada;
Devagar e em silêncio, quando te beijava,
Lágrimas de amor rolavam, frente a frente!

A que hei-de comparar condignamente
O palminho amoroso da tua cara?!
É vê-lo uma só vez, e logo a minha mente,
Ainda quente, a tantas coisas o compara!...

Talvez a uma pintura de rósea madrugada,
Num quadro bem pintado e com mestria.
É o nascer de um novo dia, é uma alvorada;

A tua harmoniosa face que me dá vida,
Tem uma tal doçura, emana tanta alegria
Que só a Arte se compara, minha querida!

Alfredo Costa Pereira

PRIMAVERA…’VERA PRIMA'


PRIMAVERA…’VERA PRIMA'


Não me contem histórias nem contos…
A Primavera é que é a minha vera prima;
Sangue do meu sangue, meu pedaço de coração,
A alegria do meu viver, canto da minha alma.

Encantada a recebo em braços abertos,
Não por ser hoje o dia da ‘Felicidade’,
Mas, porque sinto que ela é a felicidade
Toda a estação, e vivo nos seus ventos.

A ‘Vera Prima’ é minha alma, sou gémea, a borboleta
Da minha essência, que voa-a-voa pelo universo
E regressa ao seu velho ninho em forma de verso.

O Verso que traz rosa, açucena, prímula, violeta…
Perfumes ao meu corpo, a beleza a remanescer
Pela frescura de pétalas cultivadas a crescer.

® RÓ MAR

quarta-feira, 18 de junho de 2014

FUI BEBER ÁGUA À FONTE


Pintura de Claude Monet


“FUI BEBER ÁGUA À FONTE”


Estavas à beira do caminho
A encher a cantarinha rente,
Na fonte onde muita gente...
Ignora a sua canção de carinho!

E nesse dia lá passei, cansado
E sedento, fui à fonte e te vi;
A boca à bica: bebi, bebi…
Após me saciar, fiquei roubado.

Ó fonte da beira da estrada:
Quem foi que o meu coração,
Roubou, não sendo tu ladra?

- “Foi a morena de olhos pretos
Que te encheu o peito de afetos
Quando ouvias a minha canção!”

Alfredo Costa Pereira

terça-feira, 17 de junho de 2014

DESPEDIDA



Fotografia da revista “Times”


“DESPEDIDA”


São sempre custosas as despedidas,
Sorriam contudo, os olhos nossos.
Sim, porque no coração ficam retidas
Desolações e mágoas, entre soluços!

Que ficando lá no fundo adormecidas,
Acordam com um canto em alvoroço:
É o canto das saudades já esquecidas
Que reaparece se recordo teu esboço!

Ressurja! Porque havemos de matá-la,
Se a saudade é murmúrio que nos fala
Dos tempos tão felizes que passaram!?

Se vivemos o encanto dos tempos idos,
Nunca os podemos deixar esquecidos,
Como se lembram os que se amaram!

Alfredo Costa Pereira
 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

JÁ É TARDE E TARDE É…


Imagem - Bellissime Immagini 


JÁ É TARDE E TARDE É…


Já é tarde e tarde é… mais tarde que nunca!
Quando o dia cresce a lua cresce também
E é tão cedo… quão cedo é… mais além
O luar predestinado a quanto nunca!

Ínfimo é o pensamento e tão perceptível,
A alma é mui grande… tem face de cheia!
Quão sonhos… labareda imprevisível
Socalca colinas e efloresce à areia.

Vento tão nu de estrelas e povoado
Até mais não… raízes de alquimia e ninguém
Ou alguém que nem espera ser amado!

E o luar fica tão ao lado, já é tarde…
Deixa-o lá! Apaga a luz e deita-te na areia
Que te quer ver sonhar e de verdade!

® RÓ MAR

AMOR IMAGINADO


AMOR IMAGINADO


Descanso o meu olhar no infinito,
Como que a procurar a solução,
Para reanimar um coração,
Que definhava em lágrimas aflito…

Era tanta por ti a admiração!
Tanto querer-te em abafado grito,
Que contar-te a verdade premedito,
Qual criança que sofre ouvindo o não…

Com este amor imenso o ermo habito,
Mantendo no segredo a emoção,
Deste sentir intenso em que levito!

És por enquanto a imaginação!
Mas hás-de ser real, eu acredito,
Que vens realizar esta paixão!...

José Manuel Cabrita Neves

DOURO




Douro 


Nas águas desse Douro eterno e quente
Navego calmamente, rio acima...
Paisagem luxuriante à minha frente
Num manto de verdura que me anima

Que sensação de paz, como é dif'rente
Buscar o novo verso, a nova rima,
No plácido verdor, com minha mente
A mergulhar na água cristalina

Navego sem parar... Ao longe, a Régua
O Douro derradeira o braço numa trégua
Ao turbilhão da vida vã, perdida...

E às águas do meu rio eterno e belo
Eu lanço o meu pedido, o meu apelo,
Para que dê sentido à minha vida

José Sepúlveda

quarta-feira, 11 de junho de 2014

ENCONTREI-TE NUM SONHO



Pintura de Michael & Inessa Garmash


“ENCONTREI-TE NUM SONHO”


Eu vi-a e o meu coração antes de vê-la,
Tinha-a sonhado linda como agora a vi;
Os olhos são como dois sois, a face bela;
Dos meus sonhos, o meu amor conheci!

E o seu corpo era o mesmo, belo, airoso,
Como o pinheiro bravo se levanta ao ar,
Como as tulipas ao pôr-do-sol formoso,
Amolecem, vergando-se à brisa do mar.

Em longos sonhos eu a sonhara assim;
O ideal sublime, que eu criei na mente,
Que em vão buscava e encontrei por fim!

E hoje amo-te com a minha alma ardente!
Mas se os cânticos da lira achares pouco
Pede-me a vida, porque por ti sou louco!

Alfredo Costa Pereira

ALMA DE LUSITÂNIA


Imagem Belleza del Alma


ALMA DE LUSITÂNIA 


Esculpistes o sol pelo coração…
Pintaste as ondas ciprestes mar
A azul anil pelos seduzíveis lábios
Na alma de Lusitânia…suco (a)mar.

Das cruzadas a paz se fez à tela
Mais cálida e tão plena…que aguarela!
Obra de arte que teu corpo arrecadou
No brilho do olhar que ao dia se beijou.

Vejo-te pela plenitude de tons vários…
Alma celestial…flor de coração
Que inspira e seduz o universo à paixão.

Bebo-te, degusto-te pleno ao coração
Em tão versos trajados e quão sábios
Que o vento presenteou à estação.

® RÓ MAR

ENVELHECER EM PAZ


Pintura de Claude Monet


“ENVELHECER EM PAZ”


Depois de muito te amar, amo-te ainda!
Quantos anos já passaram deste amor?
A árvore que plantamos está mais linda;
E como ela cresceu! está cada vez maior.

Tanto se elevou, e alargou os seus galhos,
Que cobriu o céu e a terra, ao se altear!
Que belos e doces gorjeares nos carvalhos,
As aves fazem sobre seus ramos a cantar!

E lá vamos os dois sozinhos em serenidade,
Na expressão dos rostos e do nosso olhar,
Com as almas puras e cheias de claridade;

Ouvindo melodias das aves, da luz e flores,
De murmúrios brandos e dos resplendores
Que rebrilham dos afetos do nosso observar!

Alfredo Costa Pereira

terça-feira, 10 de junho de 2014

LIBERDADE PARA SONHAR


Foto: images liberdade


LIBERDADE PARA SONHAR


Sonhei que um amor forte me gerou!
Que ao nascer motivei muita alegria!
Que nada precisei ou me faltou,
Que até a felicidade me sorria…

Sonhei que ao crescer me alegrou,
Sentir a liberdade, essa magia,
Qual pássaro liberto que voou,
Saindo da gaiola que o prendia!...

Sonhei ainda, estar num mundo novo,
Onde sobressaía o meu país,
Dando uma vida alegre a todo o povo…

Neste sonho fui tudo quanto quis!
Para o tornar real, montanhas movo,
Pra ter o que mereço: ser feliz!

José Manuel Cabrita Neves

LUÍS VAZ DE CAMÕES/ SONETOS


Imagem - Andries Pauwels: Busto de Camões, século XVII.


LUÍS VAZ DE CAMÕES 

O MAIOR POETA DE LÍNGUA PORTUGUESA 

UM DOS MAIORES SONETISTAS 


Amor é um fogo qu'arde sem se ver


Amor é um fogo qu'arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer,
É um andar solitário entre a gente,
É nunca contentar-se de contente,
É um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade,
É servir a quem vence o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões


Alma minha gentil, que te partiste


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luís de Camões


Que modo tão sutil da Natureza


Que modo tão sutil da Natureza,
para fugir ao mundo e seus enganos,
permite que se esconda, em tenros anos,
debaixo de um burel tanta beleza!

Mas esconder-se não pode aquela alteza
e gravidade de olhos soberanos,
a cujo resplandor entre os humanos
resistência não sinto, ou fortaleza.

Quem quer livre ficar de dor e pena,
vendo-a ou trazendo-a na memória,
na mesma razão sua se condena.

Porque quem mereceu ver tanta glória,
cativo há-de ficar; que Amor ordena
que de juro tenha ela esta vitória.

Luís de Camões


Julga-me a gente toda por perdido


Julga-me a gente toda por perdido
vendo-me, tão entregue a meu cuidado.
andar sempre dos homens apartado
e dos tratos humanos esquecido.

Mas eu, que tenho o mundo conhecido
e quase que sobre ele ando dobrado,
tenho por baixo, rústico, enganado,
quem não é com meu mal engrandecido.

Vão revolvendo a terra, o mar e o vento,
busque riquezas, honras a outra gente,
vencendo ferro, fogo, frio e calma;

que eu só, em humilde estado, me contento
de trazer esculpido eternamente
vosso fermoso gesto dentro n'alma.

Luís de Camões

O CREPÚSCULO



Pintura de Van Gogh
Vista de Arles com lírios – 1888


“O CREPÚSCULO”


O sol vai-se introduzindo no mar,
Estendendo uma fraca penumbra.
A luz esvaída que nos deslumbra,
Pinta telas de rara beleza no ar.

As flores vão dormir, e deslumbra
A morna sonolência entorpecida;
Uma estrela cintilante enternecida,
Chama as estrelas que vislumbra!

No ocaso sangra o lírio da saudade,
E a nostalgia, o tédio azul invade
As almas, quando a luz desaparece!

Agora, exala mais o odor das violetas;
Corta o silêncio um ruflo de asas pretas,
E a inspiração dos Poetas, aparece!

Alfredo Costa Pereira


segunda-feira, 9 de junho de 2014

CANTO DA MINH ' ALMA ...


Imagem de Google


Canto da Minh´ alma …


Na clara penumbra que inda perdura,
Ao romper forte do luar que me acalma…
Cantos bradam seus toques de ternura,
Derramando puro mar na Minh ´ alma…

Um hino! que me enleva no alto manto;
Maresia em meu peito, bravo batendo…
Vagando nas fundas ondas d´espanto
Que carpira o lago eterno. Gemendo…

Tu! que rasgas veloz, a sorte minha,
Nos céus – urdida de sendas de rainha,
A que tece meu ser…tal sentimento…

D ´ardor, tarjas Minh´ alma de marfim
Brotando, tão fogosamente, enfim…
Roseira alva, florindo. Entendimento…

Helena Martins

LIBERTO DO CATIVEIRO






“LIBERTO DO CATIVEIRO”


Passarinho, que só vez passar as horas,
Em prisão que perdura, sem poderes voar!
Preso na gaiola, já não cantas, choras,
Infinitas horas, num grande e cruel pesar!

Deslisam no ar os teus irmãos a cantar,
Alegres em bando, aos fulgores de Abril;
E tu, nesse inferno pavoroso a chorar,
Vendo fugir as horas num tormento vil!

Que saudade a tua, do ninho querido
Tão bem escondido na acácia em flor,
Onde trilavas, gostoso, madrigais de amor!

Então o Poeta, a escrever, ficou sentido,
E abriu-lhe a triste gaiola sem ninguém ver.
E num voo, a ave elevou-se, para lhe agradecer!

Alfredo Costa Pereira



sexta-feira, 6 de junho de 2014

UTOPIA DE VENDAVAIS


Imagem- Alexandru Darida __Open ArtGroup


UTOPIA DE VENDAVAIS


Há uma alma mística no teu regaço
Que difunde em baladas no espaço.
É roseira bravia que enlouquece, porém,
Seu perfume nos leva aos mistérios do além.

Tempestuosas e rubras paixões
Esvoaçam pelos largos corações
Em tamanhos violinos e outros mais
Orquestras das sifónias multiculturais.

Há um verso, metáforas em diacronia
Que enlaçam divinal e agilmente nos reais
Palácios que se acharam à poesia.

Há uma alma mutante que é o dia
E também utopia de vendavais
Que te assoleiam as entranhas de magia.

© RÓ MAR

quarta-feira, 4 de junho de 2014

RIOS D' AZUL, SUSPENSO...


 Imagem do Google


Rios d´azul, suspenso…


Dispersos, bem longe, do horizonte,
Lá, onde luares d´oiro correm intenso…
Eternos bálsamos vazam da fonte,
Prateada de mar - rios d´azul, suspenso…

Ampla, vaga, solta nos raios de um céu...
Minh ´alma absorvida - ora - vive rara,
Entorpecida, ala nas asas do véu…
Que sobre meu corpo, inerte, tombara…

Ah, sátira que no infinito aclamas, 
Meu ser! enfim, tuas safiras são chamas 
Cravando meu peito - tiaras ateadas!...

Teus laivos vertidos são prantos... tais... 
Com engenho, brotando. Mil bonsais… 
Nas pétalas do olhar de musas amadas!... 

Helena Martins 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

GOSTO DOS TEUS BEIJOS


Pintura de Teresa Perdigão


“GOSTO DOS TEUS BEIJOS”


Beija o luar teus olhos emocionados
Quando o sol beija a lua de mansinho…
Amam-se as nossas almas com carinho,
Beijam-se os nossos lábios namorados…

!?Se gosto dos teus beijos prolongados?!
Sim gosto deles…e de ti também.
Mas porque é que gosto deles?! Sei lá bem!
Talvez porque me gritam os teus cuidados.

Quando te beijo, oiço sempre dentro de mim,
Uma solene, amorosa e eterna afirmação…
E é por isso que gosto de beijar-te assim!

Porque só tu é que trouxeste, junto a mim,
A paixão e a honestidade de mãos dadas
Pela via láctea de um amor sem fim!

Alfredo Costa Pereira

NOTAS MUSICAIS DE TÃO MELODIA




NOTAS MUSICAIS DE TÃO MELODIA 


Pela manhã espreguiço-me ao confim 
Na esplanada tão verde e leve ao amor; 
Dou graças a Deus pelo meu bem Jardim, 
Tão cândido de Primavera em flor. 

Sonho-te ‘Ás’ cor-de-rosa, que é enfim, 
O verão de Agosto pleno ao luar; 
Beijo-te pelo raiar Sol, que é tão assim, 
Estrela ao luar pela noite que é tão amar. 

Floresce-se o perfume de tão pétalas 
Pela alma que estica e acolhe o novo dia, 
Paradisíacas umbrelas singelas. 

Que fermosas são em coração elevando o dia 
No surpreendente sorriso tão assim! 
Notas musicais de tão melodia. 

® RÓ MAR 

domingo, 1 de junho de 2014

CRIANÇA



 José Sepúlveda

MOMENTOS DE TERNURA


Pintura de Van Gogh


“MOMENTOS DE TERNURA”


Pelos jardins em flor, como namorados,
De mãos dadas, a rir, lá vamos encantados!
Numa acácia loira florida, canta um rouxinol,
Sacudindo todo manto de oiro à luz do sol.

Num embalo de amor vamos caminhando!
Ela, de olhos postos no céu, e eu sonhando.
Um par de borboletas em dança de noivado,
Rodopia à nossa frente no verde de um relvado!

Os jasmins vão-nos oferecendo um fino odor,
Enquanto nos vai festejando o melro cantador.
Lá de cima, o sol que fez doirar o grande lago,

Beija agora dois cisnes brancos, num afago!
E nós os dois, a extravasar, plenos de desejo,
Paramos e trocamos um terno e longo beijo!

Alfredo Costa Pereira