domingo, 22 de junho de 2014

DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA


Pintura de Renoir


DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA



Nas ondas, numa casquinha de noz,
A ser batida pela tempestade, a sós,
Andavam à deriva eu e a minha alma:
Quem nos acode? Quem nos salva?

Rolando sobre a onda encapelada,
A casquinha até ao céu era elevada,
Para de seguida, desde aí, ser atirada
Para o abismo fundo, sem ser travada!

Como fomos, alma minha e eu, marear
Neste mar odioso cheio de ferocidade
De penas e tempestade? Vamos gritar?

Espera: vez além luz na imensidade?
Pressinto agora um porto para sair;
Tesouro que só o amor pôde descobrir!

Alfredo Costa Pereira