Pintura de Renoir
DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA
Nas ondas, numa casquinha de noz,
A ser batida pela tempestade, a sós,
Andavam à deriva eu e a minha alma:
Quem nos acode? Quem nos salva?
Rolando sobre a onda encapelada,
A casquinha até ao céu era elevada,
Para de seguida, desde aí, ser atirada
Para o abismo fundo, sem ser travada!
Como fomos, alma minha e eu, marear
Neste mar odioso cheio de ferocidade
De penas e tempestade? Vamos gritar?
Espera: vez além luz na imensidade?
Pressinto agora um porto para sair;
Tesouro que só o amor pôde descobrir!
Alfredo Costa Pereira