“LIBERTO DO CATIVEIRO”
Passarinho, que só vez passar as horas,
Em prisão que perdura, sem poderes voar!
Preso na gaiola, já não cantas, choras,
Infinitas horas, num grande e cruel pesar!
Deslisam no ar os teus irmãos a cantar,
Infinitas horas, num grande e cruel pesar!
Deslisam no ar os teus irmãos a cantar,
Alegres em bando, aos fulgores de Abril;
E tu, nesse inferno pavoroso a chorar,
Vendo fugir as horas num tormento vil!
Que saudade a tua, do ninho querido
Tão bem escondido na acácia em flor,
Onde trilavas, gostoso, madrigais de amor!
Então o Poeta, a escrever, ficou sentido,
E abriu-lhe a triste gaiola sem ninguém ver.
E num voo, a ave elevou-se, para lhe agradecer!
Alfredo Costa Pereira