segunda-feira, 12 de maio de 2014

MEMÓRIAS DE INFÂNCIA




MEMÓRIAS DE INFÂNCIA


Calcorreando veredas poeirentas,
Na árida planície alentejana,
Onde o tórrido sol queima a pragana
E as solas dos pés ficam cinzentas…

Uma côdea de pão que a fome engana…
Nos campos as gargantas já sedentas,
Manejando as pesadas ferramentas,
Do nascer ao sol pôr toda a semana!

O peixe, raridade…Era iguaria!
O bife era uma estranha refeição…
A batata e o pão, prato do dia!

Não havia cultura, informação,
Neste pobre Alentejo que sofria,
Na voz dum capataz a repressão!

José Manuel Cabrita Neves