sexta-feira, 29 de agosto de 2014

UMA MANHÃ NA PRAIA


“UMA MANHÃ NA PRAIA”


Era bela a manhã. O sol resplandecia
Derramando na terra a luz e a alegria.
Com céu azul, o mar parecia um lago,
A brisa segredava-nos o suave afago!

A sorrir, inspirava-mos o olor do mar,
Desse mar, de bonança a transbordar;
E com a luminosidade da madrugada,
Não me cansava da tua boca amada!

A sorrir se esconde um pensamento;
Mas com nossos lábios a entreabrir,
Nossos corações ficam logo a sentir,

Que esse sorrir, não é de fingimento.
E os beijos que damos ao pé do mar,
São salgados, não é preciso temperar!

Alfredo Costa Pereira

CAMINHO DE TRÉGUAS É LUZ FUTURA...


Imagem – Bellissime Immagini


CAMINHO DE TRÉGUAS 

É LUZ FUTURA...


Caminho de tréguas é luz futura...
Pela estrada vêem-se almas e corações
Que lutam pelo mesmo ideal e perdura...
Vida salutar pelas demais nações.

Mãos divinas que têm o brilho a olhar
As vidas e suas civilizações,
Ciranda que efloresce ao palmilhar
Trocas de amor a todos os corações.

Momentos que inventam tanta manhã,
Libertam tantos sorrisos quantos 
desejos pendentes pelos pensamentos.

Vêem-se ruas cobertas por gente irmã,
As que ousaram estender a mão em tempos
São agora alabastros de todos os tempos.

® RÓ MAR

EXISTÊNCIA HUMANA


EXISTÊNCIA HUMANA


Nos mistérios da vida mergulhado,
Procuro a existência desvendar;
Nos livros, nos porquês, no indagar,
Na ciência que tudo tem estudado…

Tenho um cérebro apto a pensar,
Que me faz entender este meu lado
Avesso a um carreiro já traçado,
Recusando tão só se acomodar!

O homem e o tempo hão-de explicar,
Que tudo tem um quê, uma razão…
Que traga um consistente acreditar!

Que seja demonstrada a criação,
Sem dogmas e sem histórias de encantar,
Com uma outra verdade um outro Adão!...

José Manuel Cabrita Neves

TÁLAMO DE VERSOS RAROS...

 

Tálamo de versos raros…


Arde, indelevelmente, em meu peito...
Um forte tálamo de versos raros!
Um doce ardor! Amor versando feito…
Magos! minh ‘alma em nevados aparos!

Ó, meu amor! fulcro do meu poema!...
Ergo d´oiro… reino de castros,
Mil. Rubor de eflúvios… alfazema,
Na tez iluminada. A luz dos astros!...

Levas de meu ser… em supremo céu,
Inda que densas as neblinas em breu…
Que se abrem para mim, tão docemente…

Ó, meu amor! pétala de íris!… meu olhar!...
Flor púrpura extasiada… de mar,
Brotando meu fundo, serenamente!...

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

TU ÉS "NÃO SEI COMO” E “NÃO SEI QUÊ”


TU ÉS "NÃO SEI COMO” E “NÃO SEI QUÊ”


Se os anos que vêm forem como se prevê,
Ela, o meu amor, ainda mais me agradará;
Sim, porque só eu sei que em toda ela há,
Um “não sei como” e um “não sei quê”!...

Enfeitiçaste-me logo com o teu olhar,
Mal nos demos, por acaso, a conhecer.
E se a outros pareces uma mulher vulgar,
Tu para mim és…,“não sei como” o dizer!...

E é por isso que eu nunca fico a cismar,
Quando te pões em silêncio, sem falar.
E, sendo a tua voz bonita e harmoniosa,

Nos teus silêncios, eu vejo um “não sei quê”, 
Um mágico encanto feiticeiro, és amorosa!
És de facto, ”não sei como” e “não sei quê”!

Alfredo Costa Pereira

VERSOS QUE ESCREVO…


Imagem -  Charles Bukowski


VERSOS QUE ESCREVO…


Versos que escrevo são pedaços meus;
São sílabas que descrevem o coração
Que me é familiar; são recados meus
Que o vento surripia do velho sótão.

Versos que escrevo não são alma de poetas;
São mensageiros alados ao meu amor…
Que são meu contento, ainda que violetas;
São os primorosos suores em flor.

Poemas que ao mundo dou estendendo a mão,
Deixando escorrer a última emoção,
Esperançando, quiçá, alguns caminhos.

Que são parte de mim e desejo
Que sejam o olhar dos que ainda beijo.
Versos que escrevo são apenas sonhos.

® RÓ MAR

SONHOS


SONHOS


Os sonhos de futuros imaginados,
Íntimos sentimentos de emoção,
Dormem no pensamento acordados
E são pela manhã desilusão…

Fantásticos cenários animados,
Gestos indefinidos, confusão!
O riso e o sofrimento misturados,
Num sono que devora a escuridão…

A mente criadora inventa, pensa:
Desejos de amor e harmonia,
Para acalmar a guerra que se adensa…

Quer de noite a dormir como de dia,
Sente-se o latejar de uma presença,
Que há-de trazer a paz e a alegria…

José Manuel Cabrita Neves

domingo, 24 de agosto de 2014

A SOMBRA DO TEU OLHAR

 

“A SOMBRA DO TEU OLHAR”


Ao final da tarde chegamos.
Os ensonados passarinhos
Em zaragata vão aos ninhos,
Escondendo-se pelos ramos.

Vem a noite funda na mata,
E só as fontes rumorejam!
Na floresta silente e pacata,
Os nossos lábios se beijam.

Lá pelos cimos passeia a lua,
Que desenha a sombra tua, 
Aqui, nas ervas deste lugar.

Teus olhos de tanto os amar,
Redobram seu brilho ao luar.
Sinto-os no coração a entrar!

Alfredo Costa Pereira

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CHUVA DE PRATA


Imagem - Imagens do Mar


CHUVA DE PRATA


Foi o sol e veio a lua espelhar a escuridão
Que tem o mar à noite, é um só coração
Que teima em ler as entrelinhas pelas águas
Mascavadas de iodo e sal de lágrimas.

Vê-se o céu a pratear emprenhando
A noite ao luar e chovem fios tecendo
A areia que penteiam em seu entrançado a alma
Pelas ondas de tal mar azul calma!

Foi a saudade e veio o milagre de ser
Uma nuvem passageira que presságio
Tem! O amor em seus braços para crescer.

Foi a magia e veio a paz, que felicidade!
Uma lua cheia de sonhos e não é plágio,
Tem o inédito que é o sol da mocidade.

® RÓ MAR

MUSA DA ALMA


"MUSA DA ALMA"


Violas tocam baixinho em noites de luar,
No silêncio da noite há vozes apuradas;
Minha alma já sente as badaladas
Como o bater do coração que quer saltar.

Atraindo aos sons agudos, o cantar,
Sente os punhais esguios como espadas
Ecoando vibrações bem afinadas,
Como quem fere só p'ra amedrontar.

Corre frutífero o sangue quando desce,
À música do amor com vida presa,
Como quem vive o luar quando anoitece…

A melódica sinfonia à noite é luz acesa,
É poema ritmado ao dia que amanhece,
Musa da alma é livre, vasta e nunca pesa!...

Maria José Saraiva Gaspar Gonçalves 

LUAR DE AGOSTO


“LUAR DE AGOSTO”


Vamos à floresta, amor, vamos ouvir as fontes,
A borbulharem na planície lá daqueles montes;
Os ramos de folhas das árvores estão vergados,
Para abrigarem do sol, a frescura dos relvados!

Entrega os doces lábios aos meus, sequiosos,
E esquecidos na harmonia bucólica dos prados;
Sonharemos pelas fontes solitárias, embalados 
Da brisa adormecente, os sonhos mais ditosos!

Estaremos só os dois. Cairão nos teus cabelos
As trémulas flores das tílias formando novelos!
Cheia pelas fontes, e com nenúfares amarelos,

Numa lagoa azul, ondulante em baloiços singelos,
Estará a flutuar um frágil barco, à nossa espera,
Onde, sob a magia do luar, nascerá a Primavera!

Alfredo Costa Pereira

FRAGMENTOS


FRAGMENTOS


Eu jurei ao meu espelho em agonia
Preservar-me das “agruras deste inferno”
mesmo em cacos -se ele- se fizer um dia
cada caco versará o amor eterno.

Em pedaços cantarei cada ventura
e tropeços desta escalada selvagem.
Lágrimas sinceras e por demais puras
Por sombras que, triste, “apago a imagem”.

Eu queria não deixar rastro de dor
numa estrada de sorrisos “só de amor”
Mas a selva não permite essa alegria.

E assim, sigo versando em fragmentos
que refletem amplidão, discernimento
e colo o brilho no esplendor de cada dia.

Elair Cabral

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

CONTIGO NOS MEUS BRAÇOS


“CONTIGO NOS MEUS BRAÇOS”


Quando os ramos batem na janela,
Cães ladram, choupos estremecem,
Eu idealizo-te a chegar à luz da vela,
E os teus olhos que me enternecem!

E se as estrelas sobre o calmo lago
O seu fundo conseguem aluminar,
Não sofro tanto, por não te avistar
Aguardando cá sereno, o teu afago.

E se nuvens cerradas atravessando,
A lua ainda consegue resplandecer,
Dá-me a luz que preciso para te ver.

E sobre a noite de luar sumptuosa
Vai subindo a lua, a noite passando
Contigo nos meus braços, deleitosa!

Alfredo Costa Pereira

QUE VERMELHO…!


 Imagem - Aimer la Nature (Love the Nature)


QUE VERMELHO…! 


Que vermelho… o que me queres dizer!? 
O silêncio da pele é meu desejo 
Que intento desvendar pelo alvo beijo 
De tais pétalas, guiando a seiva a ser. 

Ancorando ao olhar tão nobre botão 
Sinto teus lábios que me desejam 
E sussurro o quanto te quero ter… 
São caricias que dão tanto prazer! 

Quanto desejo enleio ao teu veludo… 
Volúpias… quais mais ternas fantasias! 
Seja lá de que terra for… é um mundo! 

Que vermelho… o que me tem ávido 
De ser amante! Que ensejo às poesias 
De amor… és paixão! Rosa, sou teu amado. 

® RÓ MAR 

A VELHICE


A VELHICE


Perguntei a um velho amigo, 
O que achava da velhice?
Respondeu que ser antigo,
É ter muita malandrice…

Era um pão, hoje é um figo…
Mas no meio da casmurrice,
Conta: como era consigo,
Com toda a fanfarronice!

As lembranças e as saudades,
Dão vida ao seu dia a dia
E ri de algumas maldades…

Formado em filosofia,
Sem andar nas faculdades,
É mestre em sabedoria…

José Manuel Cabrita Neves

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O DIA DE HOJE É SÓ PARA NÓS E PARA SEMPRE


“O DIA DE HOJE 

É SÓ PARA NÓS E PARA SEMPRE”


Se morre qualquer ser, logo vem outro
Para segui-lo neste mundo, não noutro;
É como o Sol, quando se põe com arte,
Surge logo outra vez em qualquer parte!

Antes da noite, houve suave madrugada;
A morte é ilusão, é pecúlio de menções.
De cada efémero momento depreendo
Que o axioma da eternidade é sustento.

Faz girar o mundo inteiro com emoções!
Quando este ano finar antes da alvorada,
Vai-se esconder, e no passado mergulhar.

Meu amor, não temos que nos preocupar!
Porque temos a eternidade à nossa frente,
O dia de hoje: só para nós e para sempre!

Alfredo Costa Pereira

RELICÁRIO


RELICÁRIO
 

Estarão as respostas no passado?
Qualquer coisa que encha o vazio,
(um calor que aqueça o meu frio)
e todo sentimento desencantado?


O mundo parece estar tão agitado,
seres andando num imaginário fio;
e o que sei é que já não mais sorrio,
o meu viver parece vão e estagnado.

 Você carregou as minhas esperanças,
deixou-me tão apenas as lembranças
e este meu sofrer doído, involuntário;

Pois, desde que você fechou a porta,
eu me sinto meio viva... meio morta-
tendo-o preso apenas neste relicário.

Silvia Regina Costa Lima

domingo, 17 de agosto de 2014

A DESILUSÃO

 
“A DESILUSÃO”


O céu abriu-se todo em luz. Cheguei!
Vi surgir em cada noite uma alvorada,
Vi flores com o orvalho da madrugada;
Acreditei que no mundo seria um rei!

Ingenuamente ainda criança acreditei,
Que eram minhas, noite e madrugada
Que o mundo era de todos e que nada
Era só de um, como até aqui pensei!

Foi quando subitamente a minha mão,
Queria apanhar o azeite, o mel e o pão
E ganhar o níquel mais curto de cobre,

Que alguém mais forte se pôs à frente,
Tapou-me o sol, passando indiferente;
E eu fiquei pobre, cada vez mais pobre!

Alfredo Costa Pereira

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O CAVADOR


O CAVADOR


No teu rosto enrugado e ressequido,
Há marcas de uma vida torturada…
Há histórias de pobreza envergonhada,
Há um tempo passado e não vivido…

No teu olhar distante há um sentido,
De uma vida diferente, uma outra estrada!
Um sonho que acordou na madrugada,
Dessa esp’rança que tinhas perseguido… 

Nas tuas mãos os calos de uma enxada, 
São a prova da luta pelo pão, 
Em troca de uma mão cheia de nada… 

Aos filhos dás carinhos ao serão, 
Afagos de mão rude e calejada, 
Mas com todo o amor do coração!... 

José Manuel Cabrita Neves

REENCARNAÇÃO


“REENCARNAÇÃO”


Já muitos anos passaram sobre mim!
Uns de alegrias, outros de embaraço;
Há tempos que busco no meu espaço,
Perceber para onde vou e donde vim.

E como nada sei, vou vivendo assim,
Mesmo com o coração em pedaços.
Há anos que carrego nos meus braços
Uma certeza inevitável: a do meu fim!

Porque é que nasci? Porque razão sibila
Sou de carne e osso, em vez de argila?
Se para nascer ninguém me perguntou,

Porque é que querem saber quem sou?
O que é que faço, se a trabalhar estou,
Se eu não sei donde vim nem onde vou!

Alfredo Costa Pereira

SONHOS


Imagem - Bellissime Immagini


SONHOS


Sonhos são tão lindos recados de alma;
São desejos circunscritos pelo coração,
Rebuçados recheados de emoção;
São o salinar silêncios que tão acalma.

Sonhos são alavancas que geram vida;
São fiadas oiro que iluminam o ser,
O sol à noite, a lua de madrugada.
São o caminho de esperança que é ter.

Sonhos são utopias que movem mundos,
Ventanias que escapulem pelas artérias
E esvoaçam pelo horizonte alegrias.

Sonhos são meninos que amam brinquedos,
Algodão doce aos lábios do crescer,
Enfim… paraíso que sabe a viver.

ROSA DOS VENTOS

 
ROSA DOS VENTOS


No começo, eu não tinha medo,
havia tempo e sempre era cedo.
Eu nem precisava me proteger,
havia outro modo de a tudo ver.

Hoje tudo parece um arremedo,
erguer o nariz... apontar o dedo
- virou um salva-se-quem-puder.
E a vida? Um eterno malmequer.

No princípio, eu não me escondia,
brincava, corria, sorria... até ria,
uma menina com mil sentimentos.

Agora, eu não sei mais da aurora
e tudo o que eu quis já foi embora,
girando tal e qual rosa dos ventos.

Silvia Regina Costa Lima

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O CIÚME E A INVEJA


O CIÚME E A INVEJA


Quando as lágrimas brotam em cascata,
De uns olhos doces plenos de ternura,
Há uma dor imensa, uma amargura,
Que no peito se aloja e se dilata…

Há uma voz magoada que murmura,
Lamentos de uma vida assaz ingrata,
Onde é vil a maldade e coisa abstracta,
Denegrindo a imagem da candura…

O ciúme nascido da inveja,
É como o lobo em pele de cordeiro,
Que a inocente vítima fareja…

Com pés de lã avança sorrateiro,
E como quem não quer o que deseja,
Vai entrando no próprio galinheiro!...

José Manuel Cabrita Neves

ECOS DA SOLIDÃO


 "ECOS DA SOLIDÃO"


Minha alma voa nos ecos da solidão,
Voa, voa… por horizontes perdidos,
Onde habita a tristeza e a paixão
Com asas de papel em dois sentidos…

Plantas amor nos recantos do coração
Onde se agitam amores já esquecidos;
Vives nas cores tristes de uma ilusão
Onde navegam teus sonhos agredidos…

Perfumas o silêncio com o azul do mar,
Conjugas em silêncio, o verbo amar…
Plantas sonhos no grito da liberdade…

Abraças a lua nos devaneios, do vento,
Dormem teus olhos apoiados no tormento
Vivido, pela dor pungente da saudade!…

Maria José Saraiva Gaspar Gonçalves

domingo, 10 de agosto de 2014

MEU LIVRO MEU TESOURO


MEU LIVRO MEU TESOURO



Em ti bebi cultura, novidade!
Em ti absorvi conhecimento!
Em ti saboreei cada momento!
Em ti vivi as cores da felicidade…

Do teu saber se fez meu alimento!
Em ti fui descobrir a liberdade,
Quando eras proibido; e a verdade
Me revelavas dando mais alento…

Foste meu companheiro, a minha vida!
Posso dizer até, que sinto amar-te,
No odor de cada folha envelhecida…

Foste o meu professor de toda a arte!
Na tua história tantas vezes lida,
Que sinto gratidão ao contemplar-te!...

José Manuel Cabrita Neves

NAVEGO MARES…


Imagem - Paradigma d'Arte


NAVEGO MARES…


Navego mares numa tela qualquer…
Que importa se é azul, verde ou amarela!?
São as cores que a vida dá em aguarela,
Não é à toa, é o destino que assim quer!

Pelas rectas e curvas pinto uma estrada
Que irá ter ao ponto de encontro, que é
O sol de um dia, o céu pleno de vida.
Que tanto vejo pelos mares, a fé!?

Navego mares pelas ondas fictícias
E tenho em mente que são tão minhas,
Porém, ainda não descobri as suas linhas.

Que importa se são letras ou insígnias,
Se são debuxos ou meros rabiscos!?
São os mares que sonho e noviscos!

® RÓ MAR

EU NÃO VEJO


EU NÃO VEJO


O que ocultam teus olhos, eu não vejo;
O que teu corpo mostra, não me afecta;
O que diz a tua boca, não é essa
A sinopse do bem que eu mais desejo.

Busco na noite escura aquele beijo,
Que traz na alma quando regressa,
Beijos de outro amor, e não tem pressa
De satisfazer meu demorado ensejo.

Vozes que me punem, porque te chamo 
São grutas cavadas que eu escuto…
Ecos que me censuram porque te amo.

Consciência profusão do meu abrigo
Segreda que te perco e não reclamo
"Amo-te meu amor"…mas não te digo…

 Maria José Saraiva Gaspar Gonçalves

SOB O SIGNO DA LUA

 

SOB O SIGNO DA LUA


Que ela - por todo o céu - ande,
caminhando sobre terra e mar,
pois, quanto mais belo é o luar,
mais a minha alma se expande.

E não há no mundo o que mande
uma pessoa mais e melhor amar,
do que nas águas ver despencar
aquela esfera formosa e grande.

Um clima de romance se acentua
(aumentando nossa sensibilidade)
por despertar a fatal sensualidade.

Então, é sob o signo dessa bela lua
que o amor vira uma mágica sedução
e brota no poeta a luz da inspiração!

Silvia Regina Costa Lima

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

MADRUGADAS


MADRUGADAS


O denegrir das doces madrugadas,
Pela inocente e pura adolescência,
Que perde na bebida a consciência,
E os pulmões em estranhas baforadas…

Alguns olhares mortiços de dormência,
Com todas as tristezas libertadas
E todas as questões solucionadas,
Na ilusória acção da inconsciência…

O álcool e o fumo de mãos dadas,
Vão arrastando os corpos na falência
Que deambulam, quais almas penadas…

Há sempre quem ofereça uma experiência,
Quando a bebida ri às gargalhadas
E a nossa mente é só obediência!...

José Manuel Cabrita Neves

FOLHAS DE OUTONO


“FOLHAS DE OUTONO”


Já dispersas e perdidas, ao abandono,
Folhas das árvores caídas no Outono,
Lembranças tão tristes de curtas vidas,
Rolam agora pelo chão, emurchecidas!

Todas deram sua sombra, aqui e acolá.
E quantos amores e sonhos e desejos,
Quantas paixões os milhares de beijos,
Quando ainda nas árvores,não viram já!

O Inverno, lança-as para as enxurradas,
Lá vão aos caprichos da água corrente;
Vemo-las agoniar, e ninguém as sente!

Mas tenho apego, às folhas pintadas!
Foram o cobertor do teu corpo em flor,
E nelas entrelaçamos o nosso amor!

Alfredo Costa Pereira

domingo, 3 de agosto de 2014

GRITO AO VENTO

GRITO AO VENTO


Gritou meu oprimido pensamento,
A mágoa que lhe vem do coração 
E o grito propagou-se pelo vento,
Levando longe as vozes da razão…

Que haja no mundo em guerra sentimento!
Que a chacina não seja diversão!
Que se assuma a paz, o entendimento!
Que haja o direito à livre opinião!

Que não morram crianças inocentes!
Que se calem as armas de uma vez!
Que os homens provem ser inteligentes…

Que se oponha à maldade, a lucidez!
Que se acertem os pontos divergentes!
Que haja naquelas mentes sensatez…

José Manuel Cabrita Neves

QUERO UM DIA SÓ CONTIGO


“QUERO UM DIA SÓ CONTIGO”


Quero um dia só contigo, falar-te de manhã cedo,
Antes que o sol nos descubra lá junto do penedo;
Para te dizer que te amo muito, falar em segredo,
Baixinho, para não se ouvir, porque tenho medo!

Não fujas, meu amor, tão enfeitada, e tão calada; 
Não me respondes, flor amada, mas ficas corada!
Como longe são belos os montes, com seu manto; 
Até na cor se confundem com o céu, um encanto!

E perto são mato e rochas, são de outra maneira;
A minha casa é situada no ermo de um vale puro,
E perto do firmamento amar-te-ei pela vida inteira!

O telhado é o céu, e os montes servem de muros;
O vale será a nossa casa, e nada mais eu procuro;
A candeia é luar e sol puro; amor estamos seguros!

Alfredo Costa Pereira